“Parece-me que há pessoas contra o facto de os médicos poderem prestar serviços à população moçambicana de forma gratuita e aberta e, infelizmente, é uma situação que penaliza bastante a população. Esta feira tinha este objetivo”, disse à Lusa Napoleão Viola, porta-voz da AMM.
Em causa está uma feira de saúde que os médicos estavam a realizar hoje, no campo municipal do Zimpeto, em Maputo, e que terá sido interrompida pela polícia municipal e de proteção pública por alegada falta de autorização, o que a associação nega.
Segundo a AMM, a feira foi autorizada pela Direção Municipal de Saúde, que inclusive cedeu algum material, entre mesas e cadeiras, para a realização das atividades.
“Não estaríamos aqui sem a autorização daqueles que têm a autoridade”, acrescentou Viola, referindo que a feira estava a ser realizada também pelo facto de haver uma redução da assistência médica nos hospitais, em resultado da greve da classe, que tem estado só a prestar serviços mínimos no sistema nacional de saúde.
De acordo com a AMM, faziam parte da feira médicos de diversas áreas, entre as quais clínica geral e dentistas, que pretendiam prestar cuidados gratuitos à população, “quer de diagnóstico, como de tratamento de algumas pequenas patologias”.
A Lusa contactou a polícia municipal, que prometeu esclarecimentos para mais tarde.
Os médicos moçambicanos estão em greve desde 10 de julho, com a observância dos serviços mínimos nas unidades de saúde, protestando sobretudo contra cortes salariais, no âmbito da aplicação da nova tabela salarial da função pública, e falta de pagamento de horas extraordinárias.
No sábado, quase duas centenas de médicos marcharam pela melhoria das condições para o diagnóstico e tratamento dos pacientes, protestando, entre outros, contra a possível anulação do seu estatuto, a falta de material cirúrgico, medicamentos, comida e água nos hospitais.
A aplicação da nova tabela salarial na função pública está a ser alvo de forte contestação por parte de várias classes profissionais, com destaque para os médicos, juízes e professores.
LUSA/HN
0 Comments