Bispos espanhóis pedem unidade política na gestão do coronavírus

19 de Setembro 2020

Os bispos da Espanha pediram hoje em Roma que os líderes políticos espanhóis mostrem maior unidade na gestão da pandemia do coronavírus para responder aos problemas que as pessoas enfrentam, como a perda de empregos.

O apelo foi feito pelo presidente da Conferência Episcopal Espanhola (CEE) e arcebispo de Barcelona, cardeal Juan José Omella, após ter sido recebido hoje pelo papa Francisco, juntamente com o vice-presidente e arcebispo de Madrid, caldeal Carlos Osoro, e o secretário geral e bispo auxiliar de Valladolid, Luis Argüello.

“Neste momento temos feridas muito fortes, como a covid-19, e pessoas que ficaram sem trabalho. Nisto creio que devemos trabalhar. Como presidente da CEE, em nome dos outros bispos, [faço] um apelo as forças em Espanha para nos unirmos mais para avançar neste caminho”, declarou Omella.

Omella explicou que, durante a audiência, trataram de questões como a eventual aprovação da lei da eutanásia em Espanha, uma “questão que o preocupa” porque se refere à vida, que se desenvolve desde “a criança no ventre de sua mãe até a morte”.

O arcebispo de Barcelona destacou que este assunto “preocupa muita gente” e que não deve ser reduzido apenas a um debate sobre “morrer ou não morrer com dignidade”, mas incorporar “a dor e o acompanhamento da dor”.

“Quando lhe tiram a dor e sente a companhia de sua família e dos profissionais você quer viver”, argumentou.

Relativamente a Madrid e à situação decorrente das altas infeções por coronavírus, Osoro justificou que é “a comunidade que mais sofre”, mas “também é verdade que é a comunidade que mais fez” testes e que talvez, se outros locais fizessem o mesmo, “esse mesmo problema apareceria”.

“Acho que as coisas estão sendo feitas e todos procuram saídas”, disse.

No encontro foi ainda focada a questão da Catalunha e Omella voltou a pedir um diálogo para encontrar “soluções entre todos”.

“O diálogo deve sempre ser feito sem condições ‘eu faço o meu melhor e depois fazemos tudo que podemos’ e com grande respeito por todos. (…) O que o papa quer é paz, harmonia, união de todas as regiões e de todos os países”, disse Omella, antes de indicar como fundamental o “respeito às leis e às pessoas”.

Omella, Osoro e Argüello convidaram o Papa a visitar a Espanha “para o Ano Santo de Compostela e o Ano Inaciano” e Jorge Bergoglio reconheceu que gostaria de ir, “sobretudo porque não conhece Manresa – que em 2022 vai comemorar os 500 anos da chegada de Santo Inácio de Loyola, em peregrinação a Jerusalém”, disse Omella.

Os bispos espanhóis elegeram o cardeal Omella presidente em 3 de março e o cardeal Osoro vice-presidente, e em novembro de 2018 Luis Argüello substituiu José María Gil Tamayo como secretário-geral e porta-voz da CEE.

Francisco recebeu pela última vez a liderança dos bispos espanhóis em maio de 2017, quando o presidente da CEE era o cardeal arcebispo de Valladolid, Ricardo Blázquez, e o vice-presidente, o cardeal de Valência, Antonio Cañizares.

LUSA/HN

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