João Almeida Lopes: “Saúde não tem sido uma prioridade”

23 de Outubro 2023

O Estado “não investe nas coisas mínimas que poderia fazer para de alguma maneira minimizar o sofrimento das pessoas que têm de ir ao hospital”, criticou o presidente da Apifarma, João Almeida Lopes, no pré-congresso do 46.º Congresso Mundial dos Hospitais.

“Sempre em cima da mesa em termos políticos”, sim, mas isso “não se traduz em factos concretos”, afirmou João Almeida Lopes, também presidente do Conselho da Saúde, Prevenção e Bem-Estar da Confederação Empresarial de Portugal, na sua análise à saúde em Portugal e à atividade pré-congresso “O papel do setor privado na saúde”, no Centro de Congressos de Lisboa.

Esta segunda-feira, o comentário de Guy Villax, no painel dedicado ao potencial do setor económico, de que as exportações na área da saúde têm vindo a crescer foi realçado por João Almeida Lopes – “em 22 terão atingido à volta de 1800 milhões de euros”, acrescentou o presidente da Apifarma.

Recordando a intervenção de Ricardo Reis, João Almeida Lopes defendeu as PPP: “Se calhar deveríamos voltar, pelo menos nalguns casos”, exprimiu.

João Almeida Lopes alertou que “nós não podemos nunca perder de vista que em termos de investimento em saúde estamos sempre abaixo dos padrões da OCDE e da média da União Europeia”. “Depois o desempenho até não é mau. Não é mau em termos de esperança de vida, não é mau em termos dos resultados em saúde. Isto até não funciona muito mal. Às vezes não se sabe bem como é que funciona.”

Para João Almeida Lopes, o Estado “não investe nas coisas mínimas que poderia fazer para de alguma maneira minimizar o sofrimento das pessoas que têm de ir ao hospital”. “As condições deveriam ser minimamente aceitáveis e não são”, e “as instituições de saúde não podem ter orçamentos atribuídos pelo Ministério das Finanças que são completamente desfasados da realidade que eles sabem que vão encontrar ao longo do ano”.

Além disso, na área farmacêutica “os pagamentos que estão previstos e que são devidos não são feitos a tempo e horas. Ou seja, o Serviço Nacional de Saúde não cumpre os prazos”.

Esta manhã, também se abordou “a questão dos licenciamentos dos equipamentos pesados, coisas completamente desajustadas. Não falando já que as únicas entidades licenciadas de saúde são os privados. Penso que continua assim. O público não está licenciado. Aliás, seria impossível, de acordo com as regras que temos, licenciar alguma coisa do público”, referiu João Almeida Lopes.

HN/RA

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