Segundo os cientistas, apesar de serem necessários testes adicionais para provar que o composto é seguro e eficaz para ser usado como futuro antibiótico, a substância poderá ser uma nova ferramenta contra bactérias resistentes a antimicrobianos, como a E.coli, na origem de infeções intestinais.
O muco da pele do peixe-gato-africano (Clarias gariepinus), uma espécie nativa de África, esguia, com dorso escuro, boca larga com barbilhos e que vive em água doce, é conhecido por proteger a espécie contra infeções, transportando os germes para fora da pele e produzindo compostos antimicrobianos como o que os cientistas isolaram.
Num estudo hoje divulgado pela Sociedade Americana de Bioquímica e Biologia Molecular, que promove o seu encontro anual até terça-feira em San Antonio, nos Estados Unidos, investigadores da Universidade da Califórnia extraíram vários péptidos (cadeias curtas de aminoácidos) do muco da pele de peixe-gato-africano e utilizaram algoritmos de aprendizagem automática (ramo da inteligência artificial) para rastrear a sua potencial atividade antibacteriana.
Posteriormente, a equipa sintetizou quimicamente o péptido mais promissor, designado NACAP-II, e testou a sua eficácia e segurança, respetivamente, na enzima ESBL produzida pela bactéria E.coli e em células sanguíneas de mamíferos.
Os testes feitos demonstraram, de acordo com os investigadores, que o péptido NACAP-II destruiu a bactéria sem aparentemente causar danos nas células sanguíneas dos mamíferos.
Num próximo passo da investigação, os cientistas tencionam estudar os efeitos deste péptido em modelos animais e explorar estratégias para o produzir de forma barata.
Em 2019, a Organização Mundial da Saúde declarou a resistência aos antimicrobianos como uma das dez maiores ameaças à saúde pública global.
LUSA/HN
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