Avanços na Biologia estimulam novas abordagens terapêuticas com probióticos

13 de Junho 2024

A modulação dos ecossistemas microbianos pode ser a chave para encontrar novas soluções para alguns dos principais desafios mundiais da saúde. O potencial terapêutico dos probióticos para doenças como a obesidade, problemas de fertilidade, fadiga e infeções, tem apresentado resultados promissores

A investigação sobre a microbiota humana e os probióticos tem feito progressos notáveis, impulsionada por avanços tecnológicos na biologia. A nutricionista Filipa Horta destaca que os probióticos estão cada vez mais integrados em abordagens terapêuticas personalizadas, devido à sua capacidade de modular a microbiota humana de maneira específica. Isso permite a personalização de tratamentos para melhorar a saúde intestinal e extraintestinal, conforme as necessidades individuais.

“Os avanços científicos na compreensão das interações entre a microbiota e o organismo humano permitem isolar estirpes específicas de probióticos com benefícios comprovados. O potencial terapêutico para doenças como obesidade, alergias, problemas de fertilidade, fadiga e infeções é vasto e promissor”, afirma Filipa Horta.

A microbiota, composta por microrganismos como micróbios, bactérias e fungos, habita o corpo humano em diversas comunidades únicas a cada pessoa. A microbiota intestinal é a mais predominante, auxiliando na absorção de nutrientes e na prevenção de infeções. A comunicação bidirecional entre o intestino e o cérebro, conhecida como eixo intestino-cérebro, reforça a importância do intestino na saúde geral, sendo frequentemente referido como o “segundo cérebro”.

Relação entre Microbiota e Doenças

Atualmente, 90% das doenças estão de alguma forma relacionadas com a microbiota, aponta Filipa Horta. Desequilíbrios na microbiota foram identificados em várias doenças psiquiátricas, como esquizofrenia, depressão e perturbações obsessivo-compulsivas. As abordagens terapêuticas com probióticos estão a ser investigadas em várias frentes, abrangendo uma ampla gama de doenças e já mostrando evidências científicas robustas.

Os microrganismos mais utilizados como probióticos são bactérias benéficas presentes na microbiota humana ou em produtos lácteos fermentados, como lactobacilos e bifidobactérias, além de leveduras como o Saccharomyces boulardii.

Aplicações Práticas de Probióticos

Distúrbios Digestivos: Saccharomyces boulardii, proveniente da casca da lichia, é eficaz no tratamento e prevenção da diarreia aguda em crianças e adultos, além da diarreia causada por antibióticos. Bifidobacterium longum, estirpe 35624, ajuda a aliviar desconfortos gastrointestinais, como a síndrome do intestino irritável.

Infeções Respiratórias: Espécies como Lactobacillus plantarum, Lactobacillus Rhamnosus GG e Bifidobacterium Lactis demonstraram prevenir infeções respiratórias, reduzindo sua incidência e gravidade. Lactobacillus Rhamnosus GG também pode diminuir o risco de asma e rinite alérgica.

Obesidade: Estirpes de enterobactérias, como Hafnia alvei HA4597, têm a capacidade de produzir proteínas que ativam vias neuronais associadas à saciedade, ajudando no controle do peso e na perda de gordura.

Infeções Urinárias: Lactobacillus rhamnosus LR06 e Lactobacillus plantarum LP02 mostraram eficácia na prevenção de infeções do trato urinário em mulheres, ao reequilibrar a microbiota vaginal.

Stress e Ansiedade: Estudos indicam que a microbiota influencia a regulação emocional através do eixo intestino-cérebro. A suplementação diária com uma combinação de lactobacilos e bifidobactérias pode melhorar o humor e reduzir a ansiedade em pessoas saudáveis.

NR/PR/HN

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