Calculando que o absentismo dos doentes às consultas representou, na ULSGE, em 2023, a perda de cerca de 71 mil consultas médicas hospitalares, o que representa, 10,7% do total das marcações, esta unidade de saúde decidiu dar ao utente a possibilidade de confirmar a sua presença na consulta ou realizar um pedido de desmarcação ou remarcação, isto através de várias opções: resposta a um SMS, um clique num ‘email’ ou na ‘app’ MyULSGE.
A estimativa da ULSGE é que o desperdício de recursos financeiros e humanos associado às faltas às consultas atinja os 5,7 milhões de euros por ano, apenas nesta unidade, algo transversal ao Serviço Nacional de Saúde.
“O sistema em implementação implica total transparência das marcações de consulta para os utentes, em tempo real, maior facilidade no contacto para confirmar, remarcar ou desmarcar e, sobretudo, com diminuição das faltas à consulta, maior acessibilidade e menos lista de espera”, resumiu, em declarações à agência Lusa, Nuno Antunes, vogal do conselho de administração da ULSGE.
O objetivo da unidade é ainda este ano iniciar o alargamento desta estratégia à área dos cuidados primários.
Na prática, sempre que ocorre uma marcação ou desmarcação de uma consulta, são feitas notificações bidirecionais desmaterializadas, com possibilidade de resposta digital imediata.
Na ausência de resposta ao primeiro contacto, oito dias antes da consulta, há uma segunda interação com cinco dias de antecedência.
E caso o utente não responda, três dias antes da consulta é realizado um contacto telefónico.
De acordo com a descrição da ULS, esta solução recorre a voz sintetizada, com possibilidade de resposta por reconhecimento de voz ou digitação em teclado.
No dia anterior à consulta, é sempre efetuado um último lembrete simples.
À Lusa, fonte da ULSGE indicou que nos primeiros cinco meses de funcionamento do sistema “conseguiu-se já atingir uma redução de mais de 14% no absentismo à consulta, face ao ano anterior”.
Paralelamente, foram desenvolvidas ferramentas de ‘data mining’ (prospecção de dados) que permitem prever a probabilidade de falta a consultas futuras, com cruzamento de informação com as respostas às notificações bidirecionais anteriormente referidas.
Entretanto, a ULSGE pretende, no terceiro trimestre de 2024, iniciar a desmaterialização das convocatórias de consultas hospitalares, retirando de forma efetiva a maioria do papel e correio deste processo.
Fonte desta unidade indicou que atualmente, e apenas na vertente hospitalar, o correio associado aos agendamentos representa um custo superior a 300 mil euros por ano, somando-se o encargo associado com recursos humanos.
LUSA/HN
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