Tempo média de espera na urgência em Leiria foi de 11 horas no pico do inverno

22 de Agosto 2024

O tempo média de espera no serviço de urgência geral do hospital de Leiria foi de 11 horas no pico do inverno, alertou hoje a Secção Regional Centro da Ordem dos Enfermeiros.

A Secção Regional Centro (SRC) da Ordem dos Enfermeiros (OE) realizou uma visita a 21 serviços de urgência (SU) da região Centro no dia 12 de janeiro, no pico do inverno, num contexto de “elevada incidência de infeções respiratórias agudas na comunidade e que, há semanas, mantinha os SU sob grande pressão”.

A SRC salientou que a visita, que excluiu as urgências obstétricas, ginecológicas e pediátricas, deparou-se com um tempo de espera médio entre triagem e observação médica em pulseiras amarelas de 11 horas em Leiria. O tempo médio do serviço de urgência era de 83 minutos, sendo que o tempo máximo para observação de pulseiras amarelas é de 60 minutos.

A OE refere ainda que em quatro SU não havia espera.

“Aveiro foi o SU com maior afluência de utentes, sendo que o Hospital Universitário de Coimbra era a unidade com mais enfermeiros. O Serviço de Urgência Médico-cirúrgica de Caldas da Rainha teve a melhor resposta instalada face à procura registada, enquanto São João da Madeira e Águeda registaram a pior”.

A OE revelou ainda que São João da Madeira e Águeda detêm o pior resultado na relação nas 24 horas do rácio enfermeiro/utente, “com cerca de 11 utentes por cada enfermeiro”.

Já o “hospital geral de Coimbra e Caldas da Rainha surgem com cerca de dois utentes por cada enfermeiro”.

Durante a visita aos serviços de urgência foi também avaliada a implementação de protocolos de Vias Verdes e apenas dois Serviços de Urgência Básica, quatro Serviços de Urgência Médico-cirúrgica e um Serviço de Urgência Polivalente dispunham de equipa de transporte.

Como estes transportes “demoram horas, ausentando elementos das equipas, durante grande parte dos turnos” o rácio é reduzido, “colocando em causa as dotações seguras, com todas as consequências que daí podem advir, tanto para doentes como para profissionais”.

As visitas foram realizadas a dez Serviços de Urgência Básica, a nove Serviços de Urgência Médico-cirúrgica e a dois Serviços de Urgência Polivalente.

Coimbra registou o maior número de admissões: 442 (Hospital Universitário de Coimbra e Hospital Geral – Covões). Seguiu-se o Hospital Infante D. Pedro, em Aveiro, com 427 doentes admitidos, e 242 admissões no Hospital São Teotónio, em Viseu.

Foram objeto de avaliação o número de admissões das últimas 24 horas, as prioridades atribuídas pelo Sistema de Triagem de Manchester, os tempos de espera para a 1.ª observação médica, a existência de equipas de transporte, de protocolos vias verdes e de protocolos de reavaliação/retriagem de doentes e ainda a permanência de doentes há mais de 24 horas nos SU e as dotações de enfermagem.

“Quase 600 doentes estavam há mais de 24 horas nos SU, destacando-se pela negativa Guarda (59 utentes); Caldas da Rainha (36 utentes) e Leiria (34 utentes) entre as 24 e as 48 horas, dos quais 83 aguardavam há mais de dois dias no SU”, adiantou a OE.

Guarda e Leiria “mantêm o retrato negro nesta categoria, com 23 e 21 utentes, respetivamente”.

Os enfermeiros realçaram que quando o número de doentes no SU é elevado, os utentes permanecem internados em espaços “sem vigilância”, não existindo “condições mínimas de segurança”.

“Quando existem tempos de espera para a primeira observação médica que ultrapassam as 20 horas, é impossível assegurar dotações de enfermeiros que consigam retriar/reavaliar”.

Quando se aproxima o outono e inverno, um momento propício a doenças respiratórias, a divulgação destes dados tem como objetivo “perceber os problemas instalados, aliás, há vários anos a esta parte, onde os riscos para com a qualidade e segurança de cuidados a prestar estão mais vincados”, afirmou o presidente do Conselho Diretivo da SRC da Ordem dos Enfermeiros, Valter Amorim, citado numa nota de imprensa hoje divulgada.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Sónia Dias: “Ciência da Implementação pode ser catalisador para adoção de políticas baseadas em evidências”

Numa entrevista exclusiva ao Healthnews, Sónia Dias, Diretora da Escola Nacional de Saúde Pública da Universidade NOVA de Lisboa (ENSP NOVA), destaca a criação do Knowledge Center em Ciência da Implementação e o lançamento da Rede Portuguesa de Ciência da Implementação como iniciativas estratégicas para “encontrar soluções concretas, promover as melhores práticas e capacitar profissionais e organizações para lidarem com os desafios complexos da saúde”

MAIS LIDAS

Share This