“Estamos a valorizar as equipas que já temos no terreno, dando-lhes, de facto, a possibilidade de terem uma carreira própria, como o resto do mundo civilizado tem”, adiantou à agência Lusa Vítor Almeida, que era, em 2019, o presidente do colégio de medicina de emergência da Ordem dos Médicos (OM) que propôs a criação da nova especialidade.
Depois de ter sido “chumbada” numa primeira votação no final de 2022, a Assembleia de Representantes da OM aprovou hoje a criação da especialidade de Medicina de Urgência e Emergência, um processo que foi reaberto por um grupo de trabalho criado no início deste ano.
A criação desta nova especialidade consta também do Plano de Emergência e Transformação da Saúde do Governo, com o ministério de Ana Paula Martins a pretender abrir já no próximo ano as primeiras vagas para formar especialistas em Medicina de Urgência.
“O sentimento é de felicidade e de muita satisfação”, salientou Vítor Almeida, recordando que esta foi uma luta “travada ao longo de 20 anos” e que permitiu chegar agora a uma solução de “bom senso” do ponto de vista científico.
Apesar disso, o médico referiu que existe o “realismo claro” de que a especialidade não vai, por si só, resolver o problema das urgências em Portugal.
O vice-presidente da SPMUE referiu ainda que “faz todo o sentido” atribuir essa especialidade a médicos que já trabalham nesta área, através do mecanismo que está previsto de “admissão por consenso”, permitindo que seja mais fácil criar equipas estabilizadas nos serviços de urgência.
“A nossa opinião é que a especialidade tem de nascer com um número elevado já de médicos que existem no terreno”, defendeu Vítor Almeida, ao realçar também que a votação democrática nos órgãos da OM para a aprovação da especialidade foi o “caminho certo”.
Na prática, a formação de um médico interno em Medicina de Urgência e Emergência durará cinco anos, mas será possível ter novos especialistas mais cedo, através da “admissão por consenso”, que prevê a atribuição de uma determinada especialidade a um médico, com base em critérios predefinidos.
“Preferia sempre que a especialidade nascesse no seio da ordem do que por decreto governamental”, sublinhou ainda o vice-presidente da sociedade científica, para quem em causa “não está uma revolução, mas sim uma evolução sem destruir o bom que se faz”.
Com a “luz verde” dada na reunião de hoje, será criada uma comissão instaladora que se vai deslocar a serviços de urgência para aferir quais os que têm condições para receber médicos internos.
Na sequência desse trabalho, será transmitido ao Ministério da Saúde quais os serviços de urgência que poderão receber a formação da nova especialidade, no sentido de serem incluídos no mapa de vagas que é publicado em novembro.
Segundo o ministério, a especialidade é “firmemente reconhecida” e existe já em 31 países da Europa e em cerca de 83 países a nível mundial.
LUSA/HN
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