Em declarações hoje à Lusa, a fundadora da associação, Alexandra Albergaria, explicou que em fevereiro de 2021 reuniu um grupo de amigos para em conjunto apoiarem voluntariamente famílias em situação de precariedade social, económica ou afetiva.
O grupo foi crescendo, assim como os pedidos de auxílio e, neste momento, já são cerca de 16 mil membros, distribuídos por núcleos, por todo o país e até no Luxemburgo, onde as denominadas chefes de brigada identificam situações de carência, acolhem bens doados por particulares e empresas solidários para distribuir, de acordo com as necessidades, organizando os apoios localmente.
No caso do Luxemburgo, existe uma chefe de brigada que acolhe, orienta e, em alguns casos, oferece trabalho a quem chega de Portugal.
Oficialmente, a associação sem fins lucrativos foi criada em maio de 2023, tendo a sede ficado localizada em Milheirós de Poiares, num espaço cedido pela junta daquela freguesia, localizada no concelho de Santa Maria da Feira.
No total, são já cinco os espaços físicos/lojas solidárias da associação, uma das quais abriu em novembro, na Maia, num espaço privado, gerido pela presidente da associação, Anabela Guimarães, que, por falta de apoio financeiro, teve que assumir os custos da renda.
Professora de Geografia, atualmente reformada, Anabela Guimarães disse à Lusa que estão a ser feitos esforços para que a autarquia da Maia apoie financeiramente esta instituição de solidariedade sem fins lucrativos, nomeadamente no que se refere aos custos do espaço, que funciona como loja solidária.
A associação Colmeia conseguiu apoios, nomeadamente das autarquias, para os restantes espaços físicos, que além de Milheirós de Poiares e da Maia se encontram em Alvite/Moimenta da Beira, Vale de Cambra e São João da Madeira.
Apesar de só existirem cinco lojas solidárias, “em quase todo o país se presta auxílio a quem mais precisa” e recorre à associação, “graças ao trabalho realizado pelas chefes de brigada, dos diferentes núcleos, instalados em casas de voluntários”, disse Anabela Guimarães, que antes de assumir a direção da “Colmeia”, já desenvolvia trabalho voluntário noutras associações, nomeadamente na “Mães do Mundo”.
Uma outra vertente do trabalho da Associação Colmeia é a assinatura de protocolos e parcerias com diversas entidades, como é o caso do Centro Social Dr. Crispim – milheirós de Poiares, clínica The Psychological Effect by Ana Oliveira, clínica de Saúde Mental, em São João da Madeira, Erp Portugal – Entidade Gestora de Resíduos, e com a SAD do Clube Desportivo Feirense/Restaurante Lago.
Na sede são também disponibilizados gratuitamente apoio jurídico, serviços de enfermagem, ensino de guitarra a crianças, cabeleireiro, biblioteca, serviço de massagens clínicas, terapias e ‘workshops’ diversos.
“Prestamos também ajuda e apoio na obtenção de trabalho e habitação, já com alguns bons resultados, e apoiamos com refeições take-away em casos de necessidade urgente de apoio alimentar”, sublinhou a fundadora, Alexandra Albergaria, que assume a Colmeia como “a missão” da sua vida.
Alexandra Albergaria é mãe de quatro filhos biológicos e cinco adotados.
Anualmente, “graças ao grande apoio de um benemérito da Colmeia”, conseguem entregar no início de cada ano letivo, uma média de 100/150 kits escolares completos aos agrupamentos de escolas de Milheirós de Poiares e às chefes de brigada, para distribuição pelo país.
Em média, a associação Colmeia, distribui 80 cabazes, no Natal e na Páscoa, empresta camas articuladas, cadeiras de rodas, andarilhos e canadianas, entre outros apoios, a quem deles necessita e não tem meios para os adquirir.
Alexandra Albergaria e Anabela Guimarães disseram à Lusa que pretendem que a associação continue a crescer e a apoiar mais cidadãos, através do apoio e de eventuais protocolos que desejam assinar.
Por essa razão, apelam à doação de bens alimentares, eletrodomésticos, materiais de construção e reabilitação de espaços e donativos em numerário.
“Um passo importante que precisamos concretizar para o nosso crescimento é a aquisição de um veículo que nos permita transportar o diverso material que nos doam, nomeadamente móveis e eletrodomésticos, entre outros”, sublinharam as dirigentes da associação Colmeia.
Alexandra Albergaria acrescentou que outros dos objetivos imediatos era conseguir que um médico se disponibilizasse para prestar apoio voluntário de algumas horas semanais ou quinzenais à associação, o que, apesar de várias tentativas, ainda não foi possível concretizar.
Entre as ações de maior vulto desenvolvidas pela Colmeia constam a remodelação total de uma habitação no Alvor, Algarve, a limpeza, higienização de casa de uma acumuladora e respetivo apoio psicológico, a reabilitação do edifício da sede e, suportado pela Lei do Associativismo, a abertura de “um café, com mel” que permitiu a criação de um posto de trabalho.
Em tempo de celebração do Dia Internacional do Voluntariado (05 dezembro) e com a aproximação do Natal, “toda a ajuda é bem-vinda”, seja através de doações, seja através de trocas solidárias (dou-te roupa se trouxeres bens alimentares) seja através da adesão à associação como voluntária, porque “o trabalho é muito e não para de crescer”, acrescentaram as responsáveis pela Colmeia.
LUSA/HN
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