“Deve-se acabar com o boletim epidemiológico porque a informação é tão constante, absorvente e inútil que produz diretamente um efeito negativo na população que não vai aos hospitais e centros de saúde”, disse aos jornalistas o porta-voz da FENSE, José Correia Azevedo, no final de uma audiência com o Presidente da República.
José Correia Azevedo considerou que a informação que consta do boletim, número de mortos e novos caos, é “de tal maneira prejudicial que as pessoas esquecem-se que têm patologias muito mais agressivas do que aquelas que a covid-19 comporta”.
O porta-voz da FENSE pediu a Marcelo Rebelo de Sousa para sensibilizar o Governo para “acabar imediatamente” com o boletim epidemiológico.
O sindicalista referiu que há doentes a fazer tratamentos de doenças graves com medo de ir aos hospitais porque “têm medo de serem contagiados”.
José Correia Azevedo defendeu que não se deve acabar com as estatísticas, mas seria importante ter um certo cuidado na sua divulgação.
A audiência da Federação Nacional dos Sindicatos dos Enfermeiros decorreu no âmbito de uma ronda que o Presidente da República está a realizar sobre o desenvolvimento da pandemia de covid-19 em Portugal, com várias personalidades ligadas ao setor da Saúde e setor social e que já incluíram ex-ministros, ordens profissionais, sindicatos e associações.
A FENSE foi a segunda estrutura que o chefe de Estado recebeu hoje à tarde, depois do Sindicato dos Enfermeiros Portugueses.
Portugal ultrapassou hoje todos os recordes desde o início da pandemia covid-19 com o registo de 40 mortos, 4.656 infetados nas últimas 24 horas e 1.927 doentes internados, 275 dos quais em cuidados intensivos, segundo a Direção-Geral da Saúde.
De acordo com o boletim epidemiológico da DGS hoje divulgado, Portugal, que regista o número mais elevado de novos casos desde março, início da pandemia, contabiliza 137.272 casos confirmados de infeção pelo novo coronavírus e 2.468 óbitos.
LUSA/HN
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