Em comunicado, o xeque Ahmed al-Tayeb, da instituição Al Azhar, lamentou a morte do “irmão”, depois de “uma vida dedicada ao trabalho em prol da humanidade, ao apoio aos mais fracos e à promoção do diálogo inter-religioso”, recordando que Francisco “não poupou esforços para servir a humanidade”.
Al-Tayeb observou que a relação entre Al Azhar e o Vaticano se desenvolveu durante a era de Francisco, durante a qual o Papa participou na Conferência de Paz do movimento sunita, em 2017, e assinou, em 2019, o Documento sobre a Fraternidade Humana para a Paz Mundial e a Coexistência Comum.
“Isso aconteceu à margem de reuniões e projetos conjuntos que se expandiram notavelmente nos últimos anos e contribuíram para impulsionar a roda do diálogo islâmico-cristão”, observou a instituição, com sede no Egito.
Al-Tayeb recordou ainda o “interesse do Papa Francisco em reforçar as relações com Al Azhar e com o mundo islâmico através das visitas a vários países islâmicos e árabes”, destacando igualmente as opiniões do pontífice que expressavam “justiça e humanidade, especialmente contra a agressão em Gaza e em repelir a abominável islamofobia”.
Nas suas várias viagens, o Papa Francisco relançou o diálogo com o Islão, que durante o pontificado de Bento XVI tinha sofrido alguns mal-entendidos.
Resultado dessa postura de Francisco foi a assinatura do documento sobre a “Fraternidade Humana”, mas também o encontro no Iraque com a mais alta autoridade religiosa xiita do Iraque, o ‘ayatollah’ Ali al-Sistani.
O Papa Francisco, que tinha 88 anos, morreu hoje na residência papal Casa Santa Marta, na Cidade do Vaticano, às 07:35 locais (06:35 em Lisboa).
Francisco estava em convalescença depois de ter estado internado durante 38 dias, entre 14 de fevereiro e 23 de março, devido a uma pneumonia bilateral.
O chefe da Igreja Católica liderou a Santa Sé durante 12 anos, num pontificado marcado pelo combate aos abusos sexuais, guerras e uma pandemia.
Nascido em Buenos Aires, a 17 de dezembro de 1936, Francisco foi o primeiro jesuíta a chegar à liderança da Igreja Católica.
A sua última aparição pública foi no Domingo de Páscoa, no Vaticano, na véspera de morrer.
NR/HN/Lusa
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