Em Portugal, cerca de 25 mil pessoas vivem com Doença Inflamatória Intestinal (DII), um grupo de patologias crónicas e inflamatórias que inclui a doença de Crohn e a colite ulcerosa. Estas doenças, caracterizadas por inflamação persistente do trato gastrointestinal devido a um funcionamento deficiente do sistema imunitário, provocam sintomas debilitantes como diarreia, dor abdominal, fadiga, emagrecimento e anemia, frequentemente com impacto significativo na qualidade de vida dos doentes17.
O diagnóstico das DII é complexo, frequentemente tardio, devido à natureza dos sintomas e à ausência de marcadores específicos, o que pode levar a danos intestinais irreversíveis e aumentar o risco de cancro colorretal. A partilha de informação e a procura precoce de ajuda médica são essenciais para melhorar o prognóstico e o acesso a tratamentos inovadores.
O peso destas doenças reflete-se também nos custos para o sistema de saúde português, estimando-se um encargo anual de 146 milhões de euros. Os custos diretos, como consultas, urgências, hospitalizações e cirurgias, representam 59% deste valor, enquanto os custos indiretos incluem perda de produtividade e reformas antecipadas. Entre 2000 e 2015, registaram-se quase 16 mil reospitalizações por DII, sendo um terço das hospitalizações referentes a doentes reincidentes, com custos médios por hospitalização a rondar os 17.500 euros em 2015.
O tratamento das DII tem evoluído, com destaque para os fármacos biológicos e pequenas moléculas orais, que permitem controlar a inflamação e reduzir complicações graves, como a necessidade de cirurgia e perda de parte dos intestinos4. No entanto, o acesso a estas terapias inovadoras ainda não é universal, sendo fundamental garantir que todos os doentes possam beneficiar dos avanços científicos e tecnológicos disponíveis.
A incidência e prevalência das DII têm vindo a aumentar, sobretudo em países desenvolvidos, e em Portugal estima-se uma prevalência de 146 casos por 100 mil habitantes, afetando predominantemente adultos jovens, mas também crianças e adolescentes7. O Dia Mundial da Doença Inflamatória Intestinal, assinalado a 19 de maio, pretende sensibilizar para a importância do diagnóstico precoce, da inovação terapêutica e da integração de cuidados, visando melhorar a qualidade de vida dos doentes e aliviar a pressão sobre os serviços de saúde.
PR/HN/MM
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