“Até as averiguações serem feitas, reside sobre a instituição, neste caso o maior hospital do país (…) uma suspeita que em nada abona na confiança dos portugueses, sobretudo daqueles que aguardam numa lista de espera por ter uma cirurgia ou por ter uma consulta”, disse Ana Paula Martins.
A ministra falava aos jornalistas à margem das comemorações do 80.º aniversário da rede de hospitais e clínicas CUF, no Convento do Beato, em Lisboa, onde reagiu à notícia da CNN Portugal que revelou que um dermatologista do Hospital Santa Maria terá recebido 400 mil euros em 10 sábados de trabalho adicional em 2024, tendo um dos dias sido utilizado para retirar lesões benignas aos pais.
“Nós somos um Governo de gestão, como sabem. Aquilo que nós desejamos é que, muito rapidamente, as responsabilidades sejam apuradas e, de uma forma transparente, aquilo que verdadeiramente se passou seja comunicado ao povo português, isso é que é verdadeiramente importante nesta fase”, salientou.
A governante referiu que o Presidente do Conselho de Administração do Hospital de Santa Maria “tomou de imediato ações, no sentido de avaliar o mais rapidamente possível a situação”, indicando que se deve aguardar pelas conclusões e só depois “o próximo Governo (…) tomará as medidas que tiver a tomar”.
Ana Paula Martins lembrou que ninguém sabe o que “verdadeiramente se passou” e que “especular seria a pior coisa” que se poderia fazer.
“Iria criar mais ruído num caso que já está a criar uma grande consternação em todos os profissionais de saúde e nas instituições”, disse.
A ministra defendeu que não se deve confundir a árvore com a floresta: “Nós temos 150 mil profissionais a trabalhar no Serviço Nacional de Saúde e quando estas coisas acontecem e aparecem desconfianças sobre aquilo que é a atuação ética dos profissionais há, de facto, uma desmotivação e uma tristeza muito grande”.
A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde (IGAS) abriu hoje um inquérito à atividade cirúrgica adicional realizada no SNS, após o caso do dermatologista que recebeu alegadamente 51 mil euros em apenas um dia de trabalho no Hospital de Santa Maria.
Também abriu uma auditoria aos factos relacionados com a atividade cirúrgica realizada em produção adicional e classificação dos doentes em grupos de diagnósticos homogéneos (GDH), no Serviço de Dermatologia da Unidade Local de Santa Maria, desde 2021 até hoje, refere a IGAS numa nota à comunicação social.
Em causa está o Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia (SIGIC), que permite fazer cirurgias fora do horário laboral, de modo a mitigar as longas filas de espera nos hospitais.
lusa/HN
0 Comments