EUA vão deportar mais de uma dúzia de crianças incluindo uma a precisar de cirurgia

18 de Dezembro 2020

Os Estados Unidos da América (EUA) vão deportar esta sexta-feira mais de uma dúzia de crianças, incluindo uma rapariga de quatro anos com um braço partido, assim como os pais, denunciaram os advogados destas famílias.

De acordo as informações médicas do centro de detenção para imigrantes, em Dilley, no Texas, consultadas pela Associated Press (AP), uma das crianças cuja família vai ser deportada é uma rapariga de quatro anos com uma fratura diagnosticada e a quem foram receitados analgésicos por causa das dores.

Em 01 de dezembro, explicitam os mesmos registos, um médico examinou a menina e encontrou “um ponto esverdeado” no cotovelo direito e alertou que “uma cirurgia é necessária entre seis meses e um ano”.

Contudo, o órgão responsável pela alfândega e a imigração dos Estados Unidos negou a cirurgia, denunciou Brianna Rennix, advogada do Proyecto Dilley que dá auxílio jurídico a famílias detidas neste centro.

O serviço alfandegário e de imigração também recusou deixar sair a família daquela instalação para que a filha pudesse ser operada nos Estados Unidos, enquanto o processo de imigração está pendente, prossegue a advogada.

Questionada pela AP, este órgão recusou comentar o caso.

Cerca de 15 famílias deverão ser deportadas para o Equador, El Salvador e para a Guatemala ao início da manhã de hoje, garantiram os advogados destas famílias.

“Ainda têm todos a esperança de que consigamos parar as deportações e que, mais importante ainda, consigam vencer o recurso nos seus processos”, explicou Mackenzie Levy, que também pertence ao Proyecto Dilley.

Estes processos sobre o futuro das famílias detidas em Dilley decorrem há vários anos.

Este centro, antigamente conhecido como o Centro Residencial Familiar do Sul do Texas, foi inaugurado ainda durante a administração do antigo Presidente Barack Obama e tem 2.400 camas. É utilizado desde 2014 para deter famílias que entram ilegalmente no país.

O serviço alfandegário e de imigrantes continuou a deter famílias desde que a pandemia começou, nos três centros que detém, mesmo depois de um juiz federal ter ordenado a libertação das crianças por considerar débeis as condições em que estavam.

Esta decisão não se estendeu aos pais e, por isso, a libertação não ocorreu, uma vez que os representantes legais destas famílias contestaram a decisão. A opção de entregar as crianças a famílias de acolhimento enquanto os pais estão detidos, podendo ser até deportados, foi igualmente criticada porque poderia levar à separação irreparável das famílias e seria traumatizante para as crianças.

Esta hipótese, contemplada pela administração do Presidente cessante, o republicano Donald Trump, foi amplamente criticada.

A rapariga de quatro anos e a mãe chegaram aos Estados Unidos, através da fronteira com o México, no último ano, provenientes do Equador.

A criança e a mãe aguardaram em território mexicano até decorrer a sessão em tribunal que decidiria o seu caso, mas, entretanto, tiveram e regressar ao Equador e falharam a data. A advogada da família diz que o braço da menina foi partido intencionalmente à frente da mãe como sinal de ameaça.

Em desespero, prossegue a advogada, atravessaram a fronteira para o lado norte-americano e acabaram detidas.

LUSA/HN

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