Associação alerta que restrição nos voos pode atrasar retoma do turismo algarvio

21 de Dezembro 2020

As restrições à entrada de viajantes do Reino Unido devido à nova estirpe do vírus causador da Covid-19 podem pôr em causa a recuperação a partir da Páscoa, alertou esta segunda-feira o presidente da principal associação hoteleira do Algarve.

O presidente da Associação de Hotéis e Empreendimentos Turísticos do Algarve (AHETA), Elidérico Viegas, reagiu assim à decisão do Governo português de autorizar apenas a entrada em Portugal de cidadãos nacionais ou residentes que chegam provenientes de voos do Reino Unido, mediante apresentação de um teste laboratorial de rastreio negativo ao novo coronavírus (SARS-Cov-2), que provoca a doença Covid-19.

“Esta nova estirpe ou variante do vírus gera enormes preocupações, uma vez que pode estar em causa o início da retoma que nós tínhamos previsto para a Páscoa do próximo ano”, afirmou Elidérico Viegas à agência Lusa, referindo-se a uma mutação do vírus que está na origem de muitas infeções registadas no sul de Inglaterra e que levou vários Governos da União Europeia a aplicar restrições nas ligações aéreas com o Reino Unido.

Elidérico Viegas disse que, apesar de os hotéis e empreendimentos turísticos do Algarve esperarem uma recuperação “muito mais lenta e que duraria sempre três a quatro anos”, o “surgimento da vacina” permitia pensar numa “retoma a partir da Páscoa, no início da época turística”, até porque o Reino Unido é o “maior fornecedor de turistas” no Algarve “e foi o primeiro país europeu que adotou a vacinação em massa”.

O presidente da AHETA argumentou que, “se os efeitos da vacina, como se esperavam, fossem positivos, poderiam contribuir de forma decisiva para repor fluxos turísticos a partir a Páscoa do próximo ano, de forma gradual”, deixando a região e o setor “no início da retoma” da atividade.

“Esta nova estirpe ou variante pode estar a colocar em causa esta retoma porque não sabemos quais são os efeitos que esta estirpe pode ter, até que ponto vai afetar a questão da vacinação – se está ou não em causa – e, com o agudizar da pandemia e do vírus, se as perspetivas de recuperação se mantêm ou podem estar em causa”, sustentou.

Questionado sobre se as restrições agora adotadas para os viajantes procedentes do Reino Unido podem influir na atividade a mais curto prazo, Elidérico Viegas respondeu que “não”, porque a “procura neste período é sempre muito baixa e as restrições que ainda se mantinham nas viagens para o Reino Unido não permitiam ter grandes perspetivas ao nível da procura turística” para os tempos mais próximos.

“O que está em causa não é propriamente a procura que se perde no imediato, mas o que ela pode comprometer em termos de futuro, sobretudo a partir do início da época turística de 2021”, insistiu a mesma fonte.

Elidérico Viegas considerou que estas novas restrições vêm é trazer “mais um fator de incerteza, a associar a outros” que já estavam a afetar negativamente a atividade, e que os hoteleiros e operadores turísticos “não controlam nem dominam”, como “a instabilidade no transporte aéreo, as restrições nos países de origem, o agudizar da pandemia ou os efeitos da vacinação”, exemplificou.

Os ministérios da Administração Interna e da Saúde anunciaram no domingo que o Governo decretou restrições à entrada em Portugal de passageiros de voos provenientes do Reino Unido, que passa a ser permitida apenas a cidadãos nacionais ou legalmente residentes em Portugal.

A restrição teve início às 00:00 de hoje e foi decretada na sequência da evolução epidemiológica no Reino Unido, onde foi identificada uma variante mais contagiosa do novo coronavírus, estando os cidadãos portugueses e legalmente residente no país obrigados a apresentar um teste laboratorial de rastreio negativo ao SARS-Cov-2.

LUSA/HN

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