Oeiras rejeita transferência de competências na área da saúde

23 de Dezembro 2020

A Assembleia Municipal de Oeiras rejeitou hoje a transferência de competências da saúde para o município por não estarem reunidas as condições para a sua assunção, considerando ser necessária “clareza suficiente e tempo” para que tal aconteça.

“O município de Oeiras tem de ser detentor das condições para assumir as novas competências e acautelar devidamente a transformação que elas terão no universo local oeirense. Para que tal aconteça, é necessário que haja clareza suficiente e tempo para a assunção das competências do município, condições que se considera não estarem atualmente reunidas”, é referido numa nota da Câmara Municipal de Oeiras, no distrito de Lisboa.

Citado na nota, o presidente do município, Isaltino Morais, afirma que a rejeição não tem que ver com questões financeiras, “até porque muitos dos centros de saúde do concelho foram financiados pela autarquia e também os hospitais São Francisco Xavier e Santa Cruz contam com apoios financeiros”, mas sim “com a clarificação da lei”.

“Esta lei da transferência de competências foi feita à pressa, à pressa demais e, nesta matéria, é preciso ter rigor. Estamos disponíveis para aceitar todas as competências, desde que as leis sejam claras e que fique bem determinado o que é responsabilidade da Câmara e responsabilidade do Governo”, salienta Isaltino Morais.

A proposta hoje apresentada na reunião da Assembleia Municipal de Oeiras consistia na “não aceitação da transferência de competências para as autarquias locais e entidades intermunicipais na área da saúde para o próximo ano”.

A transferência obrigatória de competência para as autarquias nas áreas da saúde, educação e ação social já foi prorrogada pelo Governo até março de 2022.

Na nota é ainda referido que a Câmara de Oeiras já manifestou intenção de aceitar as competências associadas ao processo de descentralização, contudo adverte que isso resultará num extenso trabalho, “o qual será necessariamente acompanhado de processos e procedimentos exigentes e que levarão o seu tempo para que sejam concretizados”.

“Na área da saúde, a assunção de tais competências viria a produzir uma redefinição da linha estratégica desenhada pelo município, e bem assim, um impacto financeiro que se configura para já incerto, uma vez que, não obstante ter sido disponibilizado o mapa com os montantes do Fundo de Financiamento da Descentralização a transferir para os municípios, o contexto de pandemia não tornou ainda possível proceder à sua análise”, lê-se no comunicado.

Na semana passada, a ministra da Modernização do Estado e da Administração Pública, Alexandra Leitão, afirmou que a transferência de competências para as autarquias, obrigatória a partir de janeiro de 2021, será acompanhada do respetivo envelope financeiro.

“É um envelope que se traduz no seguinte: aquilo que o Estado central despendia com o exercício daquelas funções é transferido para as autarquias, por uma razão: porque temos a certeza absoluta de que um euro gasto no nível do cidadão é um euro mais bem gasto, mais eficiente, mais reprodutivo e é por isso que veemente acreditamos que esta é uma reforma absolutamente fulcral”, defendeu, na sexta-feira, em declarações aos jornalistas, à margem da inauguração oficial das novas instalações da Área Metropolitana do Porto, naquela cidade.

Fazendo um balanço positivo da descentralização de competências em curso, a governante recordou que este processo terá “um momento muito importante, a partir de janeiro de 2021, com a assunção obrigatória de competências em todas as áreas, à exceção daquelas cujo prazo foi prorrogado para março de 2022, a saber a saúde, a educação e a ação social”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Novos diagnósticos de VIH aumentam quase 12% na UE/EEE em 2023

 A taxa de novos diagnósticos de pessoas infetadas pelo vírus da imunodeficiência humana (VIH) cresceu 11,8% de 2022 para 2023 na União Europeia/Espaço Económico Europeu, que inclui a Noruega, a Islândia e o Liechtenstein, indica um relatório divulgado hoje.

Idade da reforma sobe para 66 anos e nove meses em 2026

A idade da reforma deverá subir para os 66 anos e nove meses em 2026, um aumento de dois meses face ao valor que será praticado em 2025, segundo os cálculos com base nos dados provisórios divulgados hoje pelo INE.

Revolução no Diagnóstico e Tratamento da Apneia do Sono em Portugal

A Dra. Paula Gonçalves Pinto, da Unidade Local de Saúde de Santa Maria, concorreu à 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, uma iniciativa da Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH), com um projeto inovador para o diagnóstico e tratamento da Síndrome de Apneia Hipopneia do Sono (SAHS). O projeto “Innobics-SAHS” visa revolucionar a abordagem atual, reduzindo significativamente as listas de espera e melhorando a eficiência do processo através da integração de cuidados de saúde primários e hospitalares, suportada por uma plataforma digital. Esta iniciativa promete não só melhorar a qualidade de vida dos doentes, mas também otimizar os recursos do sistema de saúde

Projeto IDE: Inclusão e Capacitação na Gestão da Diabetes Tipo 1 nas Escolas

A Dra. Ilka Rosa, Médica da Unidade de Saúde Pública do Baixo Vouga, apresentou o “Projeto IDE – Projeto de Inclusão da Diabetes tipo 1 na Escola” na 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde. Esta iniciativa visa melhorar a integração e o acompanhamento de crianças e jovens com diabetes tipo 1 no ambiente escolar, através de formação e articulação entre profissionais de saúde, comunidade educativa e famílias

Cerimónia de Abertura da 17ª Edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde: Inovação e Excelência no Setor da Saúde Português

A Associação Portuguesa de Desenvolvimento Hospitalar (APDH) realizou a cerimónia de abertura da 17ª edição dos Prémios de Boas Práticas em Saúde, destacando a importância da inovação e excelência no setor da saúde em Portugal. O evento contou com a participação de representantes de várias entidades de saúde nacionais e regionais, reafirmando o compromisso com a melhoria contínua dos cuidados de saúde no país

Crescer em contacto com animais reduz o risco de alergias

As crianças que crescem com animais de estimação ou em ambientes de criação de animais têm menos probabilidade de desenvolver alergias, devido ao contacto precoce com bactérias anaeróbias comuns nas mucosas do corpo humano.

MAIS LIDAS

Share This