PSP fiscaliza limites entre concelhos da Grande Lisboa

2 de Maio 2020

A Polícia de Segurança Pública (PSP) iniciou hoje a realização de várias operações de sensibilização e fiscalização nos limites entre concelhos da Grande Lisboa, para impedir a circulação intermunicipal para condutores sem justificação válida.

Nas Portas de Benfica, no limite entre os concelhos de Lisboa e da Amadora, foi montado um dispositivo policial, no âmbito da operação ‘Transição segura’, que solicita aos condutores que passam pelas duas rotundas do local, a cerca de 200 metros uma da outra, justificações para a sua circulação, conforme explicou à Lusa o comissário Sérgio Soares, no local.

“O grosso dos condutores tem justificação válida. No entanto, já foram mandados para trás alguns condutores, que são enviados novamente para o concelho da Amadora ou de Lisboa, consoante o local de onde venham. Ocupámos estas duas rotundas por ser um local estratégico e de limite de concelhos”, disse o comissário.

Os automobilistas que foram obrigados a retornar explicaram que iam fazer compras, justificação não incluída entre as razões legais de circulação para fora do concelho de residência.

“Podem fazer compras no concelho da área da residência e, nesse sentido, até às 23:59 do dia 03, não podem deslocar-se de um concelho para outro apenas para fazer compras. Até ao momento, essas foram as justificações dadas e que não foram acatadas pela PSP”, frisou o comissário.

A operação, que teve início pelas 10:00 de hoje e que se prolongará durante todo o fim de semana, está “a decorrer bem”, com cerca de 30 polícias a fiscalizar o trânsito nas duas rotundas, estando autorizados a deixar circular apenas “as exceções previstas no diploma legal”.

“As exceções são, nomeadamente, forças e serviços de segurança, profissionais de saúde, forças militarizadas, proteção civil, entre outras, bem como a população em geral que esteja a trabalhar e que consiga comprovar, através de declaração da entidade empregadora, que está a laborar e tem mesmo de circular entre concelhos”, enumerou o comissário.

Sónia Neto foi uma das condutoras interrogadas pela PSP no local, tendo explicado que iria levar o pai, pertencente a um grupo de risco e que não saía de casa desde que o período de confinamento se iniciou, a tratar de um assunto necessário.

“Só saio em caso de urgência, para ir trabalhar. Os meus pais estão sempre em casa e, quando saio, aproveito para fazer as compras necessárias, para eles se deslocarem o mínimo, são um grupo de risco pela idade, o meu pai é diabético também”, contou à Lusa.

A condutora, assistente dentária num hospital, considera que “há muita gente a desvalorizar” a situação causada pela pandemia da covid-19, agradecendo a todas as pessoas que “estão a fazer um esforço gigante para ir trabalhar, com ou sem condições”.

“Percebo um bocado a desvalorização porque a economia tem de andar, temos todos de trabalhar e precisamos de ganhar dinheiro, mas temos de ter muito cuidado, muita atenção, usar máscaras e respeitar os outros”, pediu, com o objetivo de “voltar à vida normal, sem depois ter o peso do medo de estar a fazer alguma coisa que possa contaminar outro”.

Por outro lado, Vítor Pinto encontrava-se a trabalhar quando foi parado pela PSP, tendo apresentado um documento da entidade empregadora para circular.

“Temos visto os abusos que há por aí, portanto acho bem [a realização das operações da PSP]. Sabia mais ou menos que ia apanhar isto, portanto não me desviei por lado nenhum”, ressalvou.

Também José Cardoso justificou à PSP a sua saída de casa apenas para atestar o combustível do carro, que se encontrava na reserva, considerando importantes estas ações, “para o bem de todos”.

“As pessoas têm de compreender que a polícia está a atuar desta maneira porque o Governo os mandou. Temos de acatar as situações que estão a exigir, para que não haja tanta propagação do vírus”, sublinhou.

Portugal termina no sábado o terceiro período de 15 dias de estado de emergência, iniciado em 19 de março, e o Governo anunciou na quinta-feira a passagem para o estado de calamidade a partir das 00:00 de domingo.

Devido ao fim de semana prolongado, o Governo decretou, entretanto, a proibição de deslocações entre concelhos de sexta a domingo.

Em Portugal, morreram 1.007 pessoas das 25.351 confirmadas como infetadas, e há 1.647 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou mais de 233 mil mortos e infetou mais de 3,2 milhões de pessoas em 195 países e territórios. Cerca de 987 mil doentes foram considerados curados.

Lusa/HN

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