Desde que Manolo Fernandez, veterinário e diretor da Farvet, disse numa entrevista à imprensa local que havia tomado a vacina peruana, além de a ter administrado aos seus colaboradores e família, o entusiasmo cresceu incessantemente, envolvendo até o Governo.
A ministra da Saúde, Pilar Mazzetti, chegou a referir mesmo que o projeto, o primeiro a receber aprovação no país para a fase de ensaios pré-clínicos, poderia vir a contar com financiamento do Governo, que até ao momento apenas autorizou as vacinas Pfizer/BioNTech e Sinopharm (China).
Através das redes sociais, os peruanos têm manifestado o seu apoio à iniciativa, mas a informação foi entretanto deturpada e circulam mensagens celebrando que “o Peru tem a sua própria vacina”, algumas delas com agradecimentos a Manolo Fernández.
Alguns apelam mesmo ao Governo, de Francisco Sagasti, para que acelere o registo da vacina e imunize toda a população.
Questionada pela EFE, a Farvet esclareceu que “está a desenvolver uma vacina contra a covid, mas está numa fase pré-clínica, muito preliminar, e não existe nenhuma vacina disponível de momento”.
A empresa já havia dito anteriormente que a sua equipa de encontrava “stressada e esgotada”, devido à polémica gerada depois de Fernandéz ter dito que se tinha imunizado a si próprio e aos mais próximos.
O veterinário chegou a dizer ao jornal El Comercio estar disponível para “dar o projeto” da vacina “se alguém o quiser” e reconheceu ter sido “um equívoco” dizer que se vacinou.
“Nunca nos vacinamos, nem nos podemos vacinar porque isso requer uma autorização de um Comité de Ética”, afirmou, corrigindo as afirmações anteriormente feitas, numa altura em que procurava apoios para o projeto.
A Universidade Peruana Cayetano Heredia (UPCH), que colabora com a Farvet na fase pré-clínica, também afirmou que, a ter acontecido, a administração da vacina teria ido contra todas as regras.
Fernandéz viu-se envolvido noutra polémica ao defender na televisão o uso, como medida de prevenção da covid-19, de Ivermectina, um medicamento cuja eficácia as autoridades de saúde locais afirmam não estar comprovada cientificamente.
Para sábado está prevista a chegada ao país de mais 700 mil doses da vacina Sinopharm, a somar às 300 mil que têm estado a ser administradas.
LUSA/HN
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