O segundo Inquérito Serológico Nacional à Covid-19 (ISN COVID-19) dá continuidade ao primeiro, realizado entre maio e julho de 2020, e “tem também os mesmos objetivos”, disse Ana Paula Rodrigues.
O estudo visa “conhecer a distribuição dos anticorpos na população portuguesa” contra o vírus SARS-CoV-2 e monitorizar a sua evolução ao longo do tempo e estimar a fração de infeções assintomáticas.
Os resultados irão permitir avaliar taxa de ataque da infeção na população e contribuir para, futuramente, estimar o impacto do atual programa de vacinação contra a Covid-19.
A segunda fase do inquérito, cujos primeiros resultados deverão ser conhecidos em maio, está prevista decorrer até ao final do mês, envolve 350 pontos de colheita e prevê o recrutamento de 8.189 indivíduos, maiores de 12 meses, que recorram a um hospital ou laboratório participante no estudo para realização de análises clínicas, tendo sido recrutados até 02 de março 4.164 participantes.
A médica de saúde pública adiantou que estudo é feito em colaboração com a Associação Nacional de Laboratórios Clínicos, a Associação Portuguesa de Analistas Clínicos e 33 hospitais públicos.
Os hospitais recrutam preferencialmente a população infantil e jovem e os laboratórios clínicos recrutam sobretudo pessoas acima dos 20 anos, explicou.
Ana Paula Rodrigues espera valores superiores aos observados na primeira investigação, em que a seroprevalência estimada foi muito baixa (2,9%), tendo em conta o número de casos ocorridos e a percentagem da população já vacinada, cerca de 3%.
“Esperamos valores de seroprevalência bastante superiores aos do primeiro estudo, mas ainda longe dos valores que têm sido indicados como aqueles que darão a chamada imunidade de grupo”, salientou.
Questionada sobre o objetivo apontado estimado pela ‘Task Force’ de ter 70% da população vacinada em setembro, a investigadora disse que depende de vários fatores.
“O coordenador da Task Force tem como objetivo ter nessa altura 70% da população vacinada, de acordo com os dados existentes até a data, será o valor que se pensa que vai conferir uma proteção comunitária global, isto é, que permitirá uma circulação mais reduzida do vírus e o controle da pandemia”, adiantou.
“Mas daqui até lá não sabemos como vai evoluir a vacinação e também não sabemos como vai evoluir a pandemia porque ainda temos longos meses pela frente”, sublinhou.
Segundo a investigadora, as novas variantes, tendo uma maior capacidade de transmissão, como está descrito, também contribuirão para ter um maior número de casos e dessa forma haver mais pessoas imunizadas.
“Só que, por outro lado, implica que haja medidas restritivas mais agressivas para evitar que haja uma circulação muito grande das novas variantes”, defendeu.
No seu entender, esse é também um ponto que se terá que ter em consideração no controle da epidemia no futuro, “ir avaliando as vacinas que estão disponíveis e aquelas que virão a estar disponíveis no futuro”.
“É necessário ir avaliando a efetividade das vacinas de acordo com as estirpes que estão a circular em cada momento” como acontece no estudo da efetividade da vacina da gripe.
“Todos os anos estimamos a efetividade da vacina da gripe porque todos os anos o que está em circulação são estirpes diferentes, dentro de cada estirpe também vão aparecendo novas variantes, e, portanto, isso é um trabalho contínuo e, por isso, agora, como está muito no início, ainda não se consegue responder exatamente qual é que será esse impacto”, explicou a investigadora.
A participação no inquérito não terá qualquer custo para os participantes, que poderão ter acesso aos seus resultados. Todas as amostras são processadas no INSA.
Lusa/HN
0 Comments