Estas duas variantes “têm gerado muita preocupação” devido à “elevada transmissibilidade” e a estarem “associadas potencialmente às falhas vacinais”, disse o investigador do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge (INSA) na reunião, no Infarmed, em Lisboa, que junta epidemiologistas e especialistas em saúde pública, o Presidente da República, o primeiro-ministro, representantes de partidos e governantes.
Quanto à variante associada ao Reino Unido, João Paulo Gomes afirmou que cresceu cerca de 20% na última semana, correspondendo a 65% dos casos no país.
Na sua análise sobre a vigilância de variantes genéticas do SARA-CoV-2, João Paulo Gomes precisou que em fevereiro foram detetados oito novos casos da variante da África do Sul, o que perfaz um total de 12 casos, e quatro da de Manaus, perfazendo 11 casos até à data de hoje.
“Todos estes casos são reportados de imediato à Direção-Geral de Saúde que contacta as unidades locais e sabemos que tem sido feito o rastreio de contactos de uma forma imediata e pelo que nos foi dado a conhecer está tudo perfeitamente controlado”, disse, acrescentando que “boa parte dos casos já tiveram alta e são poucos ainda os que estão em confinamento”.
Fazendo o enquadramento de Portugal no mundo, em termos da variante da áfrica do Sul, o cientista afirmou que estes 12 casos constituem ainda “uma linha base muito ténue quando comparado, por exemplo, com a situação que se vive na Bélgica ou Reino Unido com mais de 200 casos importados com a variante da África do Sul e mesmo a França, Áustria, com entre 100 a 150 casos”.
Quanto à variante de Manaus, afirmou que “há uma distribuição bastante mais homogénea” entre países que reportaram casos desta variante, que já está em mais de 20 países, enquanto a da África do Sul está em mais de 40 e a do Reino Unido em mais de 80 países.
“Portugal com estes 11 casos situa-se mais ou menos no meio dos países que já reportaram a presença desta variante, com a Itália e Bélgica a liderarem a Itália então com mais de 40 casos da variante Manaus”, sublinhou.
Na sequência do trabalho que está a realizar em termos de vigilância por sequenciação genómica, o INSA recebeu este mês cerca de 1.100 amostras da Rede Nacional de Laboratórios, que representam 17 dos 18 distritos e 152 concelhos”, o que é “uma representatividade geográfica muitíssimo robusta”.
Num balanço global da variação da prevalência das várias variantes com interesse epidemiológico desde novembro até fevereiro, o investigador referiu uma variante que surgiu em Espanha em meados do verão e se espalhou por toda a Europa.
“Portugal não foi exceção, em novembro tínhamos mais de 70% dos casos de covid-19 causados por esta variante, indicada como 222, que está a perder terreno pelo aparecimento da variante do Reino Unido que em fevereiro já é claramente prevalente”, adiantou.
Chamou ainda a atenção para duas outras variantes com “alguma relevância epidemiológica” em Portugal, a “S477N”, potencialmente transmissível porque tem uma mutação no domínio de ligação do vírus às nossas células.
Esta variante tem estado “mais ou menos estável, com um ligeiro decréscimo observado em fevereiro” em Portugal.
Outra variante, designada por L452R, também “é potencialmente muito transmissível”, associada à perda de ligação dos anticorpos e à qual se deve estar atento.
“Esta variante apesar de ter descido um bocadinho dos 7% para os 5% está em mais de 40 concelhos no nosso país”, salientou João Paulo Gomes.
Lusa/HN
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