O primeiro conselho diz respeito aos cuidados do coração, uma vez que a diabetes “aumenta o risco cardiovascular quatro vezes mais nas mulheres e por sua vez estas têm uma recuperação mais difícil após um enfarte”. A APDP refere ainda que “o risco de desenvolver complicações da diabetes como cegueira, doença renal e depressão também é maior nas mulheres”.
A saúde do aparelho reprodutor é o segundo conselho, devendo ser monitorizada em todas as idades. A Associação sublinha que na mulher com diabetes os cuidados devem começar na preconceção, em que o objetivo é modificar hábitos e identificar alterações que podem ser tratadas ou equilibradas antes do início da gestação. De acordo com a APDP as primeiras semanas de desenvolvimento embrionário são exatamente as mais sensíveis aos efeitos de agentes externos e, quanto mais elevada a glicémia, maior o risco de malformações (que pode chegar a ser 10-15 vezes superior ao risco da população em geral).
“A diabetes é uma, entre outras doenças crónicas, em que a estabilização da situação médica é essencial. Neste sentido, antes de se parar a contraceção, é necessário realizar determinados exames, garantir o controlo metabólico, avaliar as complicações crónicas da diabetes, e, nas mulheres que fazem terapêutica, ela deve ser modificada, quando necessário, para que seja adequada à gravidez”, explica a ginecologista-obstetra, responsável pela Consulta de Saúde Reprodutiva na APDP, Lisa Ferreira Vicente.
A última deixa da associação diz respeito aos cuidados durante a gravidez, alertando que devem ser redobrados. Os riscos e consequências que decorrem de uma gravidez numa mulher com diabetes mellitus estão relacionadas com a existência, tipo e gravidade das complicações crónicas pré-existentes. E, em situações mais graves, a gravidez pode constituir um sério risco para a saúde da mulher (a curto ou médio prazo).
“O processo de preparação para uma gravidez na mulher com diabetes é exigente, com um acompanhamento de várias especialidades, afinal, além dos riscos de complicações fetais, estamos perante um maior risco de ameaça de parto pré-termo, de hipertensão (e das sua complicações) e de infeções – cistite, pielonefrite e candidíase vulvo-vaginal. Mas, mais do que a equipa multidisciplinar envolvida, não nos podemos esquecer que o principal interveniente é a própria mulher e ela tem de ser o membro mais ativo desta equipa” destaca Lisa Ferreira.
A APDP reforça ainda o papel da mulher na gestão da diabetes enquanto cuidadora. Afinal, apoiar quem vive com diabetes requer, muitas vezes, uma atenção ininterrupta. A associação reforça que cuidar é uma atividade multifacetada que engloba dimensões relacionais, emocionais e terapêuticas. Além disso, acarreta um enorme desafio: na dupla perspetiva de trabalho emocional, trabalho de organização e gestão de atividades diárias.
PR/HN/Vaishaly Camões
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