APDP alerta que diabetes tem manifestações “muito particulares” nas mulheres

8 de Março 2021

Para assinalar o Dia Internacional da Mulher a Associação Protetora dos Diabéticos de Portugal (APDP) lembra que a diabetes tem manifestações “muito particulares” nas mulheres e deixa três conselhos fundamentais.

O primeiro conselho diz respeito aos cuidados do coração, uma vez que a diabetes “aumenta o risco cardiovascular quatro vezes mais nas mulheres e por sua vez estas têm uma recuperação mais difícil após um enfarte”. A APDP refere ainda que “o risco de desenvolver complicações da diabetes como cegueira, doença renal e depressão também é maior nas mulheres”.

A saúde do aparelho reprodutor é o segundo conselho, devendo ser monitorizada em todas as idades. A Associação sublinha que na mulher com diabetes os cuidados devem começar na preconceção, em que o objetivo é modificar hábitos e identificar alterações que podem ser tratadas ou equilibradas antes do início da gestação. De acordo com a APDP as primeiras semanas de desenvolvimento embrionário são exatamente as mais sensíveis aos efeitos de agentes externos e, quanto mais elevada a glicémia, maior o risco de malformações (que pode chegar a ser 10-15 vezes superior ao risco da população em geral).

“A diabetes é uma, entre outras doenças crónicas, em que a estabilização da situação médica é essencial. Neste sentido, antes de se parar a contraceção, é necessário realizar determinados exames, garantir o controlo metabólico, avaliar as complicações crónicas da diabetes, e, nas mulheres que fazem terapêutica, ela deve ser modificada, quando necessário, para que seja adequada à gravidez”, explica a ginecologista-obstetra, responsável pela Consulta de Saúde Reprodutiva na APDP, Lisa Ferreira Vicente.

A última deixa da associação diz respeito aos cuidados durante a gravidez, alertando que devem ser redobrados. Os riscos e consequências que decorrem de uma gravidez numa mulher com diabetes mellitus estão relacionadas com a existência, tipo e gravidade das complicações crónicas pré-existentes. E, em situações mais graves, a gravidez pode constituir um sério risco para a saúde da mulher (a curto ou médio prazo).

“O processo de preparação para uma gravidez na mulher com diabetes é exigente, com um acompanhamento de várias especialidades, afinal, além dos riscos de complicações fetais, estamos perante um maior risco de ameaça de parto pré-termo, de hipertensão (e das sua complicações) e de infeções – cistite, pielonefrite e candidíase vulvo-vaginal. Mas, mais do que a equipa multidisciplinar envolvida, não nos podemos esquecer que o principal interveniente é a própria mulher e ela tem de ser o membro mais ativo desta equipa” destaca Lisa Ferreira.

A APDP reforça ainda o papel da mulher na gestão da diabetes enquanto cuidadora. Afinal, apoiar quem vive com diabetes requer, muitas vezes, uma atenção ininterrupta. A associação reforça que cuidar é uma atividade multifacetada que engloba dimensões relacionais, emocionais e terapêuticas. Além disso, acarreta um enorme desafio: na dupla perspetiva de trabalho emocional, trabalho de organização e gestão de atividades diárias.

PR/HN/Vaishaly Camões

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Greve dos enfermeiros com adesão global de 76,8%

A greve de sexta-feira dos enfermeiros registou uma adesão global de 76,8%, um valor que demonstra o “descontentamento que existe de norte a sul do país” nesses profissionais de saúde, anunciou o sindicato que convocou a paralisação.

Fundação Champalimaud: Como os cérebros transformam sons em ações

Um novo estudo do Laboratório Renart, publicado na Current Biology, apresenta resultados que permitem a nossa compreensão sobre como as informações sensoriais e as escolhas comportamentais estão entrelaçadas dentro do córtex — a camada externa do cérebro que molda a nossa percepção consciente do mundo.

Xavier Barreto: “Não podemos andar de seis em seis meses a mudar tudo”

O presidente da Associação Portuguesa de Administradores Hospitalares (APAH) defendeu que uma das principais, e mais polémicas, reformas do Serviço Nacional de Saúde deve ser mantida pelo novo Governo. No âmbito da 13ª Conferência Valor APAH, Xavier Barreto afirmou: “A reforma das ULS deve ser mantida”.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights