Vacinas contra a Covid-19 recebidas por Cabo Verde não são de lotes suspensos na Europa, esclarece regulador

17 de Março 2021

A Entidade Reguladora Independente da Saúde (ERIS) cabo-verdiana afirmou esta quarta-feira que as vacinas da AstraZeneca recebidas pelo país são produzidas na Índia e de lotes diferentes dos que foram suspensos na Europa.

“A vacina contra a covid-19 da AstraZeneca que Cabo Verde recebeu no dia 12 de março último foi produzida pelo Serum Institute oflndia Pvt. Ltd., o major fabricante mundial de vacinas, e o lote das doses recebidas é 4121Z009. Portanto, não se trata de vacinas dos lotes que estão com utilização suspensa em alguns países da Europa, neste momento”, esclareceu a ERIS.

Cabo Verde recebeu 24.000 doses da vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca em 12 de março e 5.850 da Pfizer dois dias depois, prevendo o Governo lançar a vacinação nacional em 19 de março e assumindo a meta de vacinar 70% da população até final do ano.

Num comunicado conjunto com a Direção Nacional de Saúde, aquele regulador cabo-verdiano adiantou que a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca encontra-se autorizada no país, e está indicada para a imunização em pessoas com idade igual ou superior a 18 anos.

A ERIS sublinhou que a vacina já foi administrada em mais de 28 milhões de pessoas na Índia, estando também a ser utilizada em outros países, e ainda não houve registo de eventos adversos graves ou de mortes relacionadas.

As duas entidades cabo-verdianas realçaram que, tal como acontece com todos os medicamentos, nas vacinas é também esperada a ocorrência de efeitos indesejáveis, sendo que para a vacina contra a Covid-19 da AstraZeneca a maioria desses efeitos foram ligeiros a moderados e resolvem-se, geralmente, em alguns dias.

“Por princípio de precaução”, a ERIS informou que a vacinação em Cabo Verde irá iniciar-se apenas com a vacina da Pfizer, “enquanto se aguardam os resultados das investigações em curso, por forma a permitir uma decisão com base em evidências científicas que garantam a segurança na utilização das vacinas”.

Este anúncio já tinha sido feito na terça-feira pelo ministro da Saúde, Arlindo do Rosário, acrescentando que a OMS e a Agência Europeia de Medicamentos “até ao presente não encontraram nenhuma relação entre a vacina e os casos de hemocoagulação que foram relatados” em pessoas vacinadas com doses da AstraZeneca.

“A ERIS e a DNS continuarão a acompanhar e a divulgar toda a informação de segurança sobre este assunto no sentido de atualizar as recomendações sobre a utilização da vacina no país”, avançou o comunicado da entidade reguladora cabo-verdiana.

E sublinhou os dados divulgados, que dão conta que o número de eventos tromboembólicos em pessoas vacinadas com a referida vacina não é superior ao observado na população em geral.

Por exemplo, no Espaço Económico Europeu, até 10 de março foram vacinadas com a vacina da AstraZeneca cerca de 5 milhões de pessoas, tendo sido relatados apenas 30 casos de eventos tromboembólicos (formação de coágulos no sangue).

O Presidente de Cabo Verde, Jorge Carlos Fonseca, pediu na segunda-feira a confiança da população no processo de vacinação contra a Covid-19, recordando que a OMS o considera seguro e eficiente.

Angola tornou-se no primeiro país de língua portuguesa em África a receber vacinas contra a Covid-19 (624.000 doses) ao abrigo da Covax, que pretende entregar 90 milhões de doses de vacinas no continente africano até final deste mês.

Até ao final de maio, o planeamento prevê a entrega de 237 milhões de doses de vacinas da AstraZeneca e de 1,2 milhões de doses da vacina Pfizer ao abrigo da iniciativa Covax.

Fundada pela OMS, em parceria com a Vaccine Alliance (Gavi, presidida pelo antigo primeiro-ministro português José Manuel Durão Barroso e a Coalition for Epidemic Preparedness Innovations (Cepi), a Covax pretende garantir a vacinação a 20% da população de 200 países e tem acordos com fabricantes para o fornecimento de dois mil milhões de doses em 2021 e a possibilidade de comprar ainda mais mil milhões.

O plano nacional de introdução e vacinação contra a Covid-19 em Cabo Verde, prioriza, além de profissionais de saúde, pessoas com doenças crónicas, idosos, professores, profissionais hoteleiros, ligados ao turismo e das fronteiras, polícias, militares e bombeiros.

Para o efeito, segundo o plano, “será necessária a aquisição de 267.293 doses” da vacina para a população alvo prioritária, num total de 111.372 pessoas.

Cabo Verde tinha até terça-feira um acumulado de 16.154 casos positivos desde 19 de março de 2020, dos quais 157 óbitos e contabilizava 435 casos ativos.

LUSA/HN

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