“Estranho que alguém diga que não está disponível para continuar num cargo para o qual não foi convidado para continuar”, afirmou o governante em declarações à agência Lusa, quando questionado a comentar as declarações da diretora clínica.
Numa carta enviada ao secretário da Saúde com o conhecimento do presidente do Governo Regional, José Manuel Bolieiro, Alexandra Freitas diz que está indisponível para continuar no cargo, alegando “falta de diálogo, de definição de estratégia e falta de apoio” do Governo dos Açores.
Na missiva, Alexandra Freitas recorda que a sua comissão de serviço termina em 18 de abril e diz estar indisponível para continuar em funções a partir daí.
Questionado pela Lusa, o titular pela pasta da Saúde nos Açores frisou que a sua reação “é de perfeita estranheza”.
O governante disse estranhar também “a preocupação de dar nota pública” desta questão “quando, de facto, da parte do Governo Regional não houve qualquer contacto” com a diretora clínica para que esta continuasse no cargo.
“Por isso, é de lamentar que se pretenda fazer disto um caso quando não existe qualquer fundamento para o efeito”, salientou.
O governante confirmou ter recebido a carta da diretora clínica do Hospital de Santo Espírito da ilha Terceira, “ao mesmo tempo que era notícia na comunicação social”.
Na missiva, a que a agência Lusa teve acesso, a médica sublinha que “é uma decisão tomada com e em consciência e que tem como principais motivos a falta de diálogo, de definição de estratégia, falta de apoio e de confiança por parte da secretaria regional da Saúde para com esta direção clínica”.
A ainda diretora clínica do Hospital de Santo Espírito considera que “haveria muito mais por fazer”, uma vez que a direção clínica de um hospital é um “processo dinâmico, altamente desafiante”.
À Lusa, o secretário regional da Saúde disse ter a “certeza que há muito mais por fazer” e está certo que irá “encontrar quem de facto faça aquilo que é necessário, nomeadamente em termos clínicos”.
“Que, de facto, há muito por fazer no Hospital de Angra do Heroísmo não tenho dúvida nenhuma sobre isso e é de facto algo que me preocupa bastante”, reforçou Clélio Meneses.
Na missiva, a médica realça que aquele foi o hospital de referência da região na primeira fase da pandemia da Covid-19, tendo recebido utentes de “todas as ilhas” e dado resposta aos utentes da ilha.
“Nessa fase, o desconhecido era a palavra de ordem e foi sempre com muito sentido de responsabilidade que, no ano transato, este conselho de administração esteve sempre disponível, de porta aberta”, lê-se na carta.
A diretora realça que, nos últimos três anos, foram ainda contratados 29 médicos, sendo que o hospital de Angra do Heroísmo atingiu em 31 dezembro de 2020 o “máximo histórico de 138 médicos no quadro”.
Alexandra Freitas destaca ainda que, durante a sua direção, se verificou uma diminuição da lista de espera dos pedidos de consulta e um “decréscimo da lista de espera para cirurgias” em cerca de 14,4%.
“A descrição muito sumária do que foi feito nestes últimos três anos pressupõe a aplicabilidade no presente e programação do futuro, desconhecendo a minha pessoa, desta forma, se existe sintonia no plano de ação”, escreve a médica.
Em abril de 2018, foi anunciado que Alexandra Freitas seria a nova diretora clínica do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira, substituindo no cargo Maria Ornelas Bruges Armas, por nomeação do Governo dos Açores, então liderado pelo socialista Vasco Cordeiro.
LUSA/HN
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