Agência Europeia do Medicamento compara risco de coágulos com vacina da AstraZeneca ao da pílula

7 de Abril 2021

A Agência Europeia do Medicamento (EMA) comparou esta quarta-feira o risco de formação de coágulos sanguíneos após a toma da vacina da contra a Covid-19 da farmacêutica AstraZeneca ao da toma de contracetivos hormonais como a pílula.

“Um exemplo em que gostaria de atentar é [a relação entre] o uso do contracetivo oral combinado hormonal e os coágulos sanguíneos que ocorrem após a toma desses contracetivos, que são dados às mulheres que normalmente são saudáveis”, afirmou o Chefe do Departamento de Farmacovigilância e Epidemiologia da EMA, Peter Arlett.

Falando em conferência de imprensa no dia em que o regulador da União Europeia (UE) concluiu existir uma possível ligação de vacina da AstraZeneca e coágulos e insistiu nos benefícios, Peter Arlett comparou que, “se foram dados contracetivos hormonais combinados durante um ano a dez mil mulheres, haverá uma formação de coágulos sanguíneos em excesso nesse ano”.

“Isto dá uma referência de outro medicamento dado a uma população saudável que também causa um efeito secundário, que ocorre, raramente, mas que precisamos de ter em consideração”, explicou o especialista da EMA.

Hoje, a agência europeia divulgou que existe uma “possível relação” entre a vacina da contra a Covid-19 da farmacêutica AstraZeneca e a formação de “casos muito raros” de coágulos sanguíneos, mas insistiu nos benefícios do fármaco.

“A EMA encontrou uma possível relação [entre a vacina da AstraZeneca] e casos muito raros de coágulos de sangue incomuns com plaquetas sanguíneas baixas”, mas “confirma que o risco-benefício global permanece positivo”, informou o regulador em comunicado.

Em concreto, o comité de segurança da EMA “concluiu hoje que coágulos de sangue invulgares com plaquetas sanguíneas baixas devem ser listados como efeitos secundários muito raros da Vaxzevria”, nova denominação da vacina da AstraZeneca, tendo em conta “todas as provas atualmente disponíveis”, adiantou.

Notando que “a Covid-19 está associada a um risco de hospitalização e morte”, a agência europeia reforçou que “a combinação notificada de coágulos e plaquetas sanguíneas baixas é muito rara”, pelo que “os benefícios globais da vacina” da AstraZeneca “superam os riscos de efeitos secundários”.

Segundo a EMA, foram registados 62 casos de trombose do seio venoso cerebral e 24 casos de trombose venosa esplâncnica até 22 de março, bem como 18 mortes, num universo de cerca de 25 milhões de vacinados na UE, Espaço Económico Europeu e Reino Unido.

Nesta investigação, a EMA concluiu que estes casos muito raros de coágulos de sangue ocorreram, principalmente, em mulheres com menos de 60 anos de idade no prazo de duas semanas após a vacinação, embora não tenha chegado a qualquer conclusão sobre fatores de risco específicos.

Uma possível explicação poderá estar na baixa resposta imunológica destas pessoas, mas também no facto de mais mulheres estarem a ser vacinadas na Europa.

Haverá agora uma nova atualização da informação sobre a vacina, dadas as conclusões hoje divulgadas.

Atualmente, estão aprovadas quatro vacinas na UE pela EMA: Pfizer/BioNTech (Comirnaty), Moderna, Vaxzevria e Janssen (grupo Johnson & Johnson, que estará em distribuição em meados deste mês de abril).

LUSA/HN

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