Vacina protegeu contra a malária mais de 650 mil crianças no Gana, Quénia e Maláui

20 de Abril 2021

Mais de 650 mil crianças no Gana, Quénia e Maláui estão hoje mais protegidas contra a malária após receberem a primeira vacina contra a malária no mundo, administrada nos últimos dois anos através de um programa piloto, segundo a OMS.

De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), o projeto piloto permitiu a administração de mais de 1,7 milhões de doses desta vacina (RTS,S).

“O número de crianças atingido neste período relativamente curto indica uma forte procura comunitária da vacina, bem como a capacidade dos programas de imunização infantil dos países para fornecer a vacina segundo um novo calendário (quatro doses até aos cerca de 02 anos)”, refere a organização, em comunicado.

Segundo a OMS, a proteção proporcionada pela vacina RTS,S contra a malária, quando adicionada às intervenções de controlo da malária atualmente recomendadas, têm o potencial de salvar dezenas de milhares de vidas por ano.

“O Gana, o Quénia e o Maláui mostram que as plataformas de vacinação infantil existentes podem efetivamente fazer chegar a vacina contra a malária às crianças, algumas das quais sem acesso a um mosquiteiro tratado com inseticida, ou outras medidas de prevenção da malária”, afirmou Kate O’Brien, diretora do Departamento de Imunização, Vacinas e Biológicos da OMS.

E sublinhou: “Esta vacina pode ser a chave para tornar a prevenção da malária mais equitativa e para salvar mais vidas”.

Pedro Alonso, diretor do Programa Global da OMS contra a Malária, sublinhou os “resultados notáveis” obtidos nas últimas duas décadas “com os instrumentos de controlo da malária existentes, evitando mais de sete milhões de mortes e 1,5 mil milhões de casos da doença”.

Contudo, alertou: “Os alvos-chave para o progresso da nossa estratégia global contra a malária continuam de fora. Para voltar ao bom caminho, são urgentemente necessários novos instrumentos – e as vacinas contra o paludismo devem ser uma componente essencial do conjunto global de instrumentos”.

Os conhecimentos obtidos através da implementação do projeto piloto levarão a uma recomendação da OMS sobre uma utilização mais ampla da vacina em toda a África Subsaariana.

É esperada uma reunião, no próximo mês de outubro, entre os órgãos consultivos mundiais para a imunização e a malária para uma revisão dos dados da RTS,S e a avaliação sobre se deve ser recomendada uma utilização mais ampla da vacina.

“De certa forma, a malária é a emergência de saúde infantil de uma vida – ou de muitas vidas – em África. Aplaudimos o trabalho dos países participantes no projeto piloto que resultou numa forte cobertura vacinal que irá aumentar a nossa compreensão do potencial da vacina RTS,S para melhorar a saúde infantil, reforçar o controlo da malária e, potencialmente, inverter tendências”, disse o chefe da equipa para Doenças Tropicais e Vetoriais da OMS para a Região Africana da OMS, Akpaka Kalu.

O mais recente relatório mundial sobre a malária revelou que em 2019 se tenham registado 229 milhões de episódios de malária e 400 mil mortes por esta doença.

Mais de 90% destas mortes ocorrem em África e a maioria – mais de 265 mil – em crianças pequenas.

A RTS,S é a primeira e única vacina que demonstrou reduzir a malária em crianças, incluindo a malária grave com risco de vida, internamentos hospitalares relacionados e a necessidade de transfusões de sangue.

LUSA/HN

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