Investigação aponta que rapidez da produção de vacinas é importante alvo de onda de desinformação

6 de Maio 2021

Cerca de uma centena de farmacêuticas têm trabalhado numa celeridade inédita para a imunização da população mundial criando vacinas contra o SARS-CoV-2, rapidez que tem sido motivadora de uma enorme onda de desinformação através de narrativas falsas.

Uma investigação da Pagella Política e do site de verificação italiano Facta, com a colaboração dos membros do Social Observatory for Disinformation and Social Media Analysis (SOMA) na Europa, identificou os exemplos mais comuns de desinformação sobre a Covid-19 e vacinas que têm circulado durante os últimos meses.

As vacinas começaram rapidamente a ser alvo de uma “infodemia”, onda de desinformação que se propagou com a mesma velocidade que o vírus, criando narrativas falsas. Desde remédios milagrosos, perigos colocados pelas máscaras e seus efeitos secundários, informações que aumentam o ceticismo na população.

Em apenas 11 meses, a BioNTech, em parceria com a gigante farmacêutica Pfizer e a Moderna conseguiram desenvolver, testar, e começar a distribuir vacinas que provaram ser mais de 90% eficazes.

De acordo com a SOMA, existem quatro macro-categorias de desinformação neste tema da vacinação: a pouca testagem das vacinas que não é suficiente para garantir a sua segurança; as pessoas que tomaram a vacina e morreram; as vacinas que resultam em eventos adversos graves e que as vacinas podem modificar o ADN.

As vacinas contra a Covid-19 atualmente disponíveis foram desenvolvidas em menos de um ano, um tempo recorde para um processo que, no passado, exigia geralmente até 10 anos de trabalho e que contou com ativos sem precedentes que os governos e instituições disponibilizaram aos investigadores, na tentativa de travar tanto uma pandemia global como uma crise económica.

As vacinas disponíveis não se baseiam na prática tradicional utilizada até agora, mas empregam a tecnologia mRNA, que injeta no corpo as instruções necessárias para criar anticorpos contra o vírus.

A investigação e as autoridades sanitárias europeias concluíram que embora as vacinas contra a Covid-19 atualmente disponíveis tenham sido desenvolvidas numa fração de tempo normalmente necessário para o processo, os investigadores ainda seguiram todos os procedimentos padrão e realizaram todos os testes necessários para garantir a sua segurança e eficiência.

Várias empresas trabalharam simultaneamente em diferentes vacinas que poderiam combater o mesmo vírus e receberam um apoio financeiro sem precedentes de governos e doadores privados, contribuindo para acelerar os procedimentos e alcançar uma solução mais rápida do que nunca.

A narrativa criada sobre mortes após a toma da vacina circulou em vários países e a SOMA verificou que já antes da pandemia de Covid-19 existiram vários exemplos de desinformação relacionada com outras vacinas aprovadas.

Outra falsa conclusão que se levantou foi a série de efeitos secundários graves que as vacinas podem causar, na sua maioria inventados ou exagerados.

As vacinas podem de facto ter efeitos secundários ligeiros, mas a maioria deles desaparece em poucos dias.

Segundo a Italian Medicines Agency (AIFA), apenas uma em cada 10 pessoas que foram vacinadas contra a Covid-19 sofriam de dores de cabeça, fadiga, dores musculares ou nas articulações, ou febre.

Todos estes sintomas, no entanto, não duraram muito tempo e não conduziram a mais complicações.

Os teóricos da conspiração afirmam, ainda, que as vacinas desenvolvidas contra a covid-19 com a tecnologia mRNA podem modificar o nosso ADN, ao implantar um ‘microchip’ no corpo a fim de “controlar” a população em geral. Alegações já desmentidas pelos cientistas da área.

Apesar dos esforços constantes de verificadores de factos e redes de meios de comunicação fiáveis para os desmascarar, continuam a circular notícias falsas sobre a Covid-19 e vacinas em vários países europeus.

LUSA/HN

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