Mais de 70% das embalagens de ‘fast food’ contêm químicos resistentes

20 de Maio 2021

Mais de 70% das embalagens de alimentos utilizadas por restaurantes de ‘fast food’ na Europa contêm produtos químicos perfluoralquilados (PFAS), concluiu um estudo divulgado esta quinta-feira por oito associações ambientais sem fins lucrativos.

“Os PFAS são amplamente utilizados nas embalagens alimentares e nos talheres descartáveis na Europa”, frisou o estudo das agências ambientais, que analisou embrulhos e embalagens de restaurantes como McDonald’s, KFC, Subway e Dunkin Donuts.

Foram também analisadas embalagens de estabelecimentos de ‘take away’ e supermercados em seis países europeus: República Checa, Dinamarca, França, Alemanha, Países Baixos e Reino Unido.

As PFAS são também conhecidas como “substâncias químicas para sempre”, por serem extremamente resistentes na natureza, por dificilmente se decomporem e por contaminarem a água potável, os solos e o ar.

Os resultados mostraram que 38 das 99 amostras (38%) recolhidas nestes estabelecimentos foram tratadas com PFAS para conseguir impermeabilidade aos óleos.

Além disso, 32 das 42 amostras selecionadas para a análise química (76%) revelaram um tratamento intencional com PFAS.

Em todas as amostras foram detetados vestígios de PFAS, mesmo naquelas que não foram intencionalmente tratadas.

As conclusões do estudo sublinham que 99% do flúor orgânico presente nas amostras selecionadas não é detetado pelas análises de compostos específicos em laboratório, o que significa que é impossível identificar com certeza quais os produtos PFAS presentes.

A autora principal do estudo e assessora científica da Organização Não-Governamental (ONG) checa Arnika, Jita Strakova, frisou que “está na hora de a União Europeia atuar e proibir de forma imediata e permanente todos os tipos de PFAS nas embalagens alimentares para proteger os consumidores”.

As PFAS são substâncias químicas “amplamente utilizadas em toda a sociedade e encontradas no ambiente”, explica a página da European Chemichals Agency (ECHA) da União Europeia, que contêm “ligações de carbono-flúor, uma das ligações mais fortes na química orgânica”, que resistem à degradação “quando utilizadas, mas também no meio ambiente”.

Além disso, estudos científicos associaram a exposição a uma série de PFAS com graves efeitos para a saúde, tais como o cancro e impactos nos sistemas imunológico, reprodutivo e hormonal, bem como uma menor capacidade de resposta às vacinas.

“Não podemos aceitar que as embalagens de alimentos que se descartam em minutos sejam tratadas com substâncias químicas que resistem e se acumulam no meio ambiente”, frisou uma responsável de uma das associações envolvidas, a Aliança para a Saúde e o Ambiente, Natacha Cingotti.

Além disso, as análises revelaram que na Dinamarca, país onde o uso de substâncias químicas nas embalagens de alimentos está proibido desde julho de 2020, nenhum dos sacos de batatas fritas do McDonalds tinha sido tratado com PFAS.

Pelo contrário, foi detetado tratamento intencional com PFAS nos mesmos artigos comprados na República Checa e no Reino Unido, o que demonstra que a legislação pode proteger as pessoas da exposição a substâncias químicas nocivas.

LUSA/HN

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