População jovem de Timor-Leste pode explicar mortalidade mais baixa

24 de Maio 2021

Timor-Leste tem uma taxa de mortalidade por Covid-19 de 0,2%, mais baixa que vários países, o que poderá dever-se ao facto de grande parte da população ser jovem, segundo uma análise oficial divulgada esta segunda-feira.

“A baixa taxa de mortalidade em Timor-Leste deve-se, em grande parte, ao facto de a maioria dos casos diagnosticados de covid-19 terem sido em jovens. Existe um risco significativo de aumento do número de mortes se [a doença] afetar mais pessoas mais velhas e com comorbilidades como hipertensão, diabetes e doenças cardíacas”, explica-se no relatório a que a Lusa teve acesso.

“As pessoas com mais de 60 anos e as pessoas que têm comorbilidades devem ser vacinadas o mais rapidamente possível, para as proteger da covid-19 e reduzir o risco de doença severa ou morte”, aponta-se.

O estudo nota, por exemplo, que na última semana cerca de 78% dos casos diagnosticados foram detetados entre pessoas com menos de 40 anos.

A análise, com base em modelagem epidemiológica, foi feita num relatório preparado pelo Pilar 3 do Ministério da Saúde, em conjunto com a Força-Tarefa para Prevenção e Mitigação da covid-19 da Sala de Situação do Centro Integrado de Gestão de Crise (CIGC).

O Instituto Nacional de Saúde timorense, a Organização Mundial de Saúde (OMS), as Equipas de Apoio Médico Australiano (AusMAT) e a Menzies School of Health Research, instituição que apoia o Laboratório Nacional timorense em Díli nos testes à Covid-19, também participam no estudo.

“Países com uma taxa de mortalidade mais baixa normalmente têm surtos de infeção que afetam maioritariamente pessoas mais jovens, com uma grande proporção de casos identificados através de testes a pessoas assintomáticas”, aponta o relatório.

“Países com taxas mais elevadas de mortalidade normalmente registam mais mortes entre pessoas mais velhas”, acrescenta.

O relatório mostra que na última semana foram diagnosticados 1.167 casos, o que representa quase 21% de todos as infeções registadas no país desde o início da pandemia, ainda que a curva de aumento de casos não tenha sido tão acentuada como nas semanas anteriores.

Essa ligeira desaceleração traduz-se numa queda ligeira na taxa de incidência, que mede o número de casos detetados por dia, em termos populacionais.

Assim, a média de incidência entre 17 e 23 de maio foi de 12,7/100 mil habitantes, abaixo da taxa de 13,3/100 mil habitantes registada na semana anterior.

No caso de Díli, a incidência também caiu de 41,9 para 40/100 mil habitantes, com Bobonaro e Covalima, por exemplo, a registarem uma taxa de incidência de 7.9/100 mil habitantes, e em Viqueque de 6,9/100 mil pessoas.

Ainda que a percentagem de casos sintomáticos detetados entre os casos positivos tenha caído – passou de 15% na semana anterior para 8% entre 17 e 23 de maio –, os casos que requerem hospitalização aumentaram.

Na última semana, por exemplo, um total de 42 pessoas necessitaram de hospitalização, o que representa quase um terço de todas as hospitalizações registadas desde 01 de março, quando o surto em Díli começou.

O país registou na última semana três das 13 mortes de pessoas infetadas com Covid-19 desde o início da pandemia, com a taxa de mortalidade a ser atualmente de 0,2%, o que implica que por cada mil casos reportados houve duas mortes.

“Esta taxa é mais baixa que em vários países, como a Austrália (3%), China (4,7%) ou a Indonésia (2,8%), mas mais elevado que noutros, como Singapura (0,05%)”, aponta o relatório.

Além do elevado número de casos registados em Díli, a análise destaca o aumento de casos no município fronteiriço de Bobonaro, na última semana, afetando inclusive o hospital de referência de Maliana, que teve de fechar parte dos seus serviços.

O boletim epidemiológico refere que até ao momento já foram inoculadas com a primeira dose mais de 59 mil pessoas e além de recomendar a vacinação rápida dos maiores de 60 anos, recorda que a vacina “é segura para dar a pessoas com hipertensão, diabetes e doenças cardíacas”.

“Também pode ser oferecida às mulheres que estão a amamentar e às que estão grávidas se estiverem em risco elevado de doença covid-19”, nota o relatório.

Quem tiver sintomas de problemas respiratórios deve procurar cuidados médicos, enfatiza.

“Se as pessoas com sintomas de infeção da covid-19 ficarem em casa e evitarem cuidados médicos, existe o risco de maus resultados, incluindo a morte em casa, e um risco de transmissão da covid-19 a outros na comunidade, incluindo aqueles que estão mais em risco”, alerta-se.

LUSA/HN

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