Médico brasileiro oferecia consultas em Portugal sem autorização para exercer

5 de Junho 2021

O médico brasileiro Victor Sorrentino, detido no final de maio no Egito por assediar sexualmente uma vendedora local, oferecia consultas em Portugal, mesmo sem ter o diploma de medicina validado no país europeu, noticiou a imprensa local.

De acordo com o jornal Folha de S.Paulo, Sorrentino divulgava os seus atendimentos em Lisboa e no Porto via redes sociais, tinha no seu ‘site’ uma área especialmente dedicada ao agendamento de consultas em Portugal, e cobrava até 350 euros por cada atendimento.

Contudo, o jornal entrou em contacto com a Ordem dos Médicos de Portugal, que confirmou que o brasileiro não está entre os profissionais registados no país para exercer.

O ‘site’ do médico foi retirado do ar na sexta-feira, após a publicação da reportagem.

A Ordem dos Médicos só pode abrir processos e agir disciplinarmente em relação a profissionais que estejam devidamente registados. Denúncias de eventuais exercícios ilegais de medicina no país necessitam de ser encaminhadas à Justiça.

Um médico português, que pediu à Folha de S.Paulo para não ser identificado, detalhou que os atendimentos de Victor Sorrentino, mesmo sem a validação do diploma, são conhecidos há mais de dois anos entre vários profissionais do setor.

Victor Sorrentino foi notícia no final do mês passado, após ter sido detido no Egito por ter feito provocações sexuais a uma vendedora, num caso gerou uma forte polémica no país árabe.

Nesse sentido, o Ministério Público de Luxor, no sul do Egito, abriu na segunda-feira uma investigação contra o médico brasileiro por assediar com comentários sexuais uma vendedora local, tendo gravado e partilhado o vídeo do momento nas redes sociais.

Na gravação publicada por Sorrentino, enquanto a mulher lhe tenta vender papiros, o médico brasileiro aproveita o facto de ela não falar português para fazer comentários de conotação sexual para ridicularizá-la, o que causou um mal-estar entre os internautas do Brasil e do Egito, que rejeitaram o ocorrido.

O assédio sexual é um fenómeno muito comum no conservador país árabe e as autoridades nem sempre atuam, mas, desde o ano passado, vários casos foram relatados através das redes sociais, o que levou à detenção e julgamento dos assediadores, no que é denominado o movimento #MeToo egípcio.

Sorrentino ficou também conhecido por defender o uso de tratamentos sem eficácia contra a Covid-19 e já apoiou publicamente o uso de hidroxicloroquina contra o Sars-CoV-2.

LUSA/HN

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