O Executivo decidiu reduzir em 2021 a ajuda ao desenvolvimento de 0,7% para 0,5% do Produto Interno Bruno (PIB), ou cerca de 15 mil milhões de libras (17,5 mil milhões de euros) antes da crise para 10 mil milhões de libras (11,6 mil milhões de euros).
Às muitas críticas denunciando as repercussões humanitárias e o golpe nas ambições do Reino Unido no panorama internacional após o ‘Brexit’, o Governo respondeu que a medida é temporária e que o nível de ajuda será restaurado assim que a crise for ultrapassada.
Mas este argumento não convenceu trinta deputados conservadores, incluindo a ex-primeira-ministra Theresa May, que apoiam uma alteração da legislação que restauraria o nível de ajuda internacional para 0,7%.
É necessário o apoio de pelo menos 40 parlamentares conservadores para aprovar a emenda à proposta de lei para criar uma Agência de Investigação Avançada e de Invenções (ARIA), que será votada esta tarde na Câmara dos Comuns.
Os rebeldes, liderados pelo ex-ministro do Desenvolvimento Internacional Andrew Mitchell, acreditam que têm um número suficiente para derrotar o Governo, mas cabe ao Presidente da Câmara dos Deputados, Lidsay Hoyle, autorizar ou não a votação desta alteração.
O debate é particularmente inconveniente para Boris Johnson a poucos dias antes da cimeira do G7, organizada de sexta a domingo na Cornualha (sudoeste da Inglaterra).
“Os olhos do mundo estão sobre nós”, escreveu Andrew Mitchell num artigo de opinião para o diário The Guardian.
O Reino Unido é “o único país do G7 a cortar ajuda este ano” e estes “cortes já estão a ter um efeito devastador no terreno, com projetos cancelados, clínicas encerradas, professores despedidos”, lamentou.
O ex-primeiro-ministro do Partido Trabalhista Gordon Brown comparou hoje a ajuda internacional a uma “questão de vida ou morte”, com cortes de fundos para programas de imunização que equivalem a “manter as seringas longe de uma criança ou adulto que está doente e precisa ser vacinado”.
“Não faz absolutamente nenhum sentido, nem económica nem moralmente, e é do nosso interesse ver outras pessoas vacinadas porque ninguém está muito seguro. O mundo não é seguro”, disse Brown à BBC.
LUSA/HN
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