Catarina Martins diz que dependência do turismo deixa Portugal fragilizado nas “lutas comerciais” entre países

8 de Junho 2021

A coordenadora do BE, Catarina Martins, considerou esta terça-feira que Portugal “fica particularmente fragilizado” nas “lutas comerciais” entre os vários estados europeus em relação ao turismo devido à excessiva dependência da economia portuguesa em relação a este setor.

Numa conferência de imprensa na sede nacional do BE, em Lisboa, Catarina Martins foi questionada sobre a norma que tinha sido emitida por Espanha e que obrigava a apresentação de prova de vacinação contra a Covid-19 ou teste negativo nas fronteiras terrestres com Portugal, mas que, entretanto, o Governo português já anunciou que vai ser corrigida.

“Sobretudo não tem havido uma coordenação entre vários países e isso é preocupante. O facto é que a pandemia, sendo algo que exigia solidariedade entre os vários países, transforma-se também numa guerra comercial e isso tem efeitos vários”, lamentou.

Em relação “às lutas comerciais” entre os vários estados europeus comerciais sobre o turismo, a líder do BE enfatizou que “Portugal fica particularmente fragilizado por ser dos países em que a sua economia mais depende do turismo”.

“Nós, não é de agora, ao longo dos anos temos vindo sempre a alertar para a necessidade de termos uma economia mais diversificada, para a necessidade de Portugal ter também capacidade de produção industrial, soberania alimentar, mais investimento em ciência e tecnologia porque um país não deve nunca ficar preso a nenhuma monocultura, seguramente não à do turismo”, alertou.

Esta “guerra comercial” entre os vários países, de acordo com Catarina Martins, “tem efeitos sobre a impossibilidade, até agora, de generalizar a produção e a distribuição das vacinas para que chegue a todo o mundo, o que é fundamental”.

“Se as patentes tivessem sido ultrapassadas como vários países pediram já e estivéssemos já a vacinar toda a população, seguramente que as questões das fronteiras e dos testes não se colocavam porque o problema estava a ser ultrapassado”, lamentou.

Segundo a líder bloquista, “há zonas do planeta em que não está ninguém a ser vacinado, em que está a aumentar muito o número de contágio e com isso as mutações dos vírus”.

“Desse ponto de vista há um falhanço da diplomacia portuguesa que nunca ficou do lado desta quebra de patentes e da generalização das vacinas”, reiterou.

O ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, anunciou que Espanha vai corrigir hoje a norma que obrigava a apresentação de prova de vacinação contra a covid-19 ou teste negativo nas fronteiras terrestres com Portugal.

“Tivemos contactos muito intensos a todos os níveis com o governo espanhol durante a tarde e a noite de ontem [segunda-feira] e ainda durante a noite de ontem recebemos a confirmação por parte das autoridades espanholas que, de facto, se tratava de um lapso que iria ser corrigido hoje e, portanto, é isso que vai acontecer”, disse Augusto Santos Silva, em declarações à agência Lusa.

O governante explicou que se tratou de uma resolução de um serviço técnico da Direção-Geral de Saúde de Espanha que “não teve em conta, involuntariamente, o facto de a gestão de uma fronteira não ser apenas responsabilidade das autoridades sanitárias, mas também das autoridades políticas e administrativas, designadamente dos ministérios da Administração Interna respetivos”.

LUSA/HN

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