“A Administração Regional de Saúde de Lisboa e Vale do Tejo (ARSLVT) colocou os hospitais de prevenção, para a eventual necessidade de aumentar o número de camas de cuidados intensivos nos próximos dias”, disse a ministra aos jornalistas, depois de assistir à apresentação de um estudo sobre serviços farmacêuticos hospitalares, na Ordem dos Farmacêuticos, em Lisboa.
Marta Temido salientou que o aumento de infeções acontece sobretudo em pessoas mais jovens, nas quais a doença de Covid-19 tende a ser menos agressiva, mas acrescentou que há agora uma variante da doença “muito mais transmissível”, pelo que é natural que “o número desses casos que precise de internamento e que possa ter um desfecho fatal também possa crescer”.
A ministra frisou que não é neste momento “grande fator de preocupação” a pressão sobre o Serviço Nacional de Saúde, sendo sim a saúde individual e da população mais afetada, até porque não se conhecem ainda totalmente as consequências da doença no médio e longo prazo.
“Este é um momento difícil, a pandemia [de Covid-19] não acabou e temos mais uma vez que fazer face àquilo que estamos a enfrentar”, disse Marta Temido.
Questionada sobre se Portugal está agora a enfrentar uma quarta vaga da pandemia de Covid-19 a ministra não falou de uma quarta vaga, mas disse haver “claramente um crescimento do número de casos”.
Ainda assim, acrescentou, num contexto diferente, com os novos casos a envolverem pessoas mais jovens, porque os mais idosos já foram protegidos pelas vacinas, o que deverá levar a uma menor procura do Serviço Nacional de Saúde (SNS) porque os casos de infeção serão menos graves.
“Contudo estamos perante uma situação que está em contraciclo com aquilo que é a evolução da generalidade dos países europeus”, salientou Marta Temido, acrescentando que além de Portugal apenas o Reino Unido, e, menos, a Espanha, estão numa fase de aumento da incidência de casos.
A situação, que “gera preocupação”, está concentrada geograficamente na ARSLVT, mais concretamente na Área Metropolitana de Lisboa (AML), com mais de 90% dos casos da região, disse a ministra.
Marta Temido disse que se estima haver uma maior presença da variante Delta da doença, que é mais transmissível, em relação ao que já se sabe em termos de sequenciação.
“Estamos a aguardar que o Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge complete nos próximos dias mais sequenciações, para identificar por completo aquilo que é a presença da variante Delta, mas temos de ter particular atenção porque tudo leva a crer que estamos com uma prevalência elevada”, alertou a responsável, advertindo também que para essa variante a vacina é “menos efetiva”, sobretudo a vacina AstraZeneca com apenas uma dose.
É preciso agora, disse Marta Temido, “ganhar tempo”, para que o processo de vacinação avance, sobretudo a segunda dose da AstraZeneca, e para que a vacina faça efeito. E é preciso haver “contenção” na AML, aumentar as testagens e diminuir os contactos.
Marta Temido admite que a variante Delta ainda não seja dominante em Lisboa, mas diz que as análises mostram que há “um fenómeno novo”, diferente da chamada variante britânica.
“Tudo leva a crer que o fenómeno do número de casos que estamos a assistir tem provavelmente outra natureza que não apenas estarmos num processo de desconfinanamento. Num processo de desconfinamento o aumento de casos é expectável, mas não com esta rapidez”, disse.
Portugal registou nas últimas 24 horas 1.233 novos casos confirmados de infeção pelo coronavírus SARS-CoV-2 e mais duas pessoas morreram com Covid-19, com mais 13 pessoas internadas, segundo a Direção-Geral da Saúde.
O boletim epidemiológico de ontem regista um total de pessoas 364 internadas, das quais 88 em unidades de cuidados intensivos, onde entraram mais cinco doentes.
É o número mais alto de internamentos com Covid-19 desde 26 de abril, quando estavam internadas 365 pessoas.
A maior parte dos novos casos de infeção (804) foi diagnosticada na região de Lisboa e Vale do Tejo.
LUSA/HN
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