Faculdade de Medicina do Porto quer otimizar ventilação não invasiva em doentes

16 de Maio 2020

Investigadores da Faculdade de Medicina do Porto (FMUP) anunciaram hoje que estão a implementar um protocolo que visa tornar mais segura e eficiente a ventilação não invasiva em doentes com covid-19, através da sua monitorização real e contínua.

O projeto, segundo explicam em comunicado, é reduzir os casos de insucesso do tratamento e o recurso à ventilação invasiva.

O projeto “Accurate tidal volume monitoring to optimize safe non-invasive ventilation settings in patients with SARS-CoV-2”, coordenado por Miguel Gonçalves, foi contemplado com um financiamento de 30 mil euros pela iniciativa RESEARCH 4 COVID19, da responsabilidade da Fundação para a Ciência e a Tecnologia (FCT).

De acordo com o professor e investigador da Unidade de Investigação Cardiovascular (UNiC) da FMUP, o que se pretende é criar “um protocolo de ajuste individualizado da ventilação não invasiva em doentes admitidos em cuidados intensivos com síndrome respiratória aguda grave devido ao novo coronavírus”.

“Este novo protocolo irá permitir uma deteção precoce de problemas na ventilação não invasiva e uma resposta atempada, nomeadamente a implementação de parâmetros protetores e o ajustamento da sedação contínua”, afirma Miguel Gonçalves.

Espera-se que, desta forma, “seja possível reduzir a necessidade de intubação e de suporte de ventilação mecânica invasiva”, bem como “minimizar as complicações que lhe estão associadas e consequentemente otimizar os recursos utilizados no serviço de Medicina Intensiva”.

Também José Artur Paiva, professor da FMUP e diretor do serviço de Medicina Intensiva do Centro Hospitalar Universitário de São João, considera que a estratégia proposta neste estudo é “um contributo para a medicina de precisão em suporte ventilatório”.

“Nos doentes covid-19 com insuficiência respiratória hipoxémica, o esforço inspiratório intenso pode agravar a lesão pulmonar. A ventilação não invasiva é habitualmente considerada deletéria nestes doentes, sobretudo se realizada prolongadamente”, explica o especialista.

No entanto, considera que “é possível que uma melhor monitorização clínica durante a ventilação permita maiores taxas de sucesso e uma melhor seleção de doentes”.

Este projeto é promovido pela Unidade de Investigação Cardiovascular (UNiC) da Faculdade de Medicina da Universidade do Porto, tendo como parceiros institucionais o Serviço de Medicina Intensiva (onde os doentes serão estudados) e o Serviço de Pneumologia do Centro Hospitalar Universitário de São João, sendo os respetivos diretores de serviço, membros integrantes da equipa de investigação.

Além de Miguel Gonçalves, fazem parte da equipa de investigadores Alysson Roncally Carvalho, Roberto Roncon-Albuquerque Jr., Venceslau Hespanhol, Adelino Leite Moreira e José Artur Paiva.

Portugal contabiliza 1.184 mortos associados à covid-19 em 28.319 casos confirmados de infeção, segundo o último boletim diário da Direção-Geral da Saúde (DGS) sobre a pandemia.

Relativamente ao dia anterior, há mais 9 mortos (+0,8%) e mais 187 casos de infeção (+0,7%).

Das pessoas infetadas, 680 estão hospitalizadas, das quais 108 em unidades de cuidados intensivos, e o número de casos recuperados é de 3.198.

LUSA/HN

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