09/03/2023
Apesar de ser considerado um “nutriente essencial”, o sódio ingerido faz subir proporcionalmente a pressão arterial, o que aumenta o risco de doenças cardíacas, de AVC (acidente vascular cerebral) e morte prematura.
Comer muito sal é considerado o principal fator de risco para mortes relacionadas com a dieta e nutrição e têm surgido provas da ligação também ao aumento do risco no caso de cancro gástrico, obesidade, osteoporose e doença renal.
O sal de mesa é a principal fonte de sódio, que também pode estar contido noutros condimentos e é encontrado naturalmente em alimentos como o tomate.
A OMS estabeleceu em 2013 como meta global a redução de ingestão de sal em 30% até 2025, mas o relatório de avaliação do que tem sido e está a ser feito mostra que o mundo não está no caminho certo para a atingir.
“Dietas pouco saudáveis são uma das principais causas de morte e doenças em todo o mundo e a ingestão excessiva de sódio é uma das culpadas mais importantes”, diz o diretor-geral da OMS, Tedros Adhanom Ghebreyesus, citado num comunicado de divulgação do relatório.
“Este relatório mostra que a maioria dos países ainda não adotou qualquer política obrigatória de redução de sódio, deixando a sua população em risco de sofrer de ataque cardíaco, derrame e outros problemas de saúde”, adianta, reafirmando o apelo da agência para a saúde da ONU para que todos os países apliquem as melhores medidas para a redução de ingestão de sal e para que os produtores sigam “os parâmetros de referência da OMS para o teor de sódio nos alimentos”.
Diminuir a ingestão de sal é uma das maneiras mais económicas de melhorar a saúde e a aplicação de medidas nesse sentido “poderia salvar sete milhões de vidas em todo o mundo até 2030”.
O relatório revela que até outubro de 2022 “apenas nove países (Arábia Saudita, Brasil, Chile, Espanha, Lituânia, Malásia, México, República Checa e Uruguai) tinham um pacote abrangente de políticas recomendadas para reduzir a ingestão de sódio”.
Portugal faz parte do grupo seguinte, o segundo melhor, integrando 43 países membros da OMS que têm medidas obrigatórias para reduzir o sal nos alimentos e para que os consumidores façam escolhas alimentares mais saudáveis, incluindo a declaração da quantidade de sódio em todos os alimentos pré-embalados.
Bélgica, França, El Salvador, Estados Unidos, Israel, Seicheles, Turquia, Irão, Reino Unido, Costa Rica e Kiribati, são outros dos países do grupo.
Estima-se que a ingestão média de sódio em todo o mundo é de 3950 miligramas/dia, enquanto o máximo recomendado pela OMS é de 2000 mg/dia (equivalente a menos de cinco gramas de sal ou uma colher de chá) em adultos.
Segundo o relatório, em Portugal, a média da ingestão de sódio é de 3512 mg/dia, ou 8,9 gramas de sal.
A agência da ONU entende que uma “abordagem abrangente para a redução de sódio inclui a adoção de medidas obrigatórias”.
Para contribuir para a prevenção de doenças não transmissíveis, as melhores medidas são: estabelecer metas para a quantidade de sódio em alimentos e refeições, limitar a compra de alimentos ricos em sal ou sódio por parte de instituições públicas, como hospitais e escolas, exigir que rótulos de embalagens contenham informação correta e realizar campanhas sobre a mudança de comportamentos e a redução do consumo de sal.
Portugal aplica algumas destas medidas, tendo um plano de nutrição, um limite para a quantidade de sal no pão e restrições de publicidade a produtos perto de escolas e outros locais onde as crianças se reúnem.
“Este importante relatório demonstra que os países devem trabalhar com urgência para aplicar medidas de redução de sódio ambiciosas, obrigatórias e lideradas pelo governo para atingir a meta global de reduzir o consumo de sal até 2025”, diz o médico Tom Frieden, presidente e CEO da organização não-governamental Resolve to Save Lives, que trabalha com países para evitar “100 milhões de mortes por doenças cardiovasculares em 30 anos”.
LUSA/HN
09/03/2023
Numa posição hoje divulgada, a BEUC salienta que “as alegações enganosas de ‘neutro em termos climáticos’ são frequentes no setor alimentar e confundem os consumidores”.
Por essa razão, “a BEUC apela à UE para que proíba a utilização de alegações de carbono neutro para todos os produtos, incluindo alimentos e bebidas, devendo também a Comissão Europeia e o Parlamento Europeu combater a falsa etiquetagem ‘verde’ nas próximas semanas”.
A posição surge dias antes de o executivo comunitário apresentar, no final do mês, uma iniciativa relativa a reivindicações ecológicas e de a comissão parlamentar do Mercado Interno e da Proteção dos Consumidores votar uma proposta que visa capacitar os consumidores para a transição ecológica.
No relatório “Cesta de alimentos neutra para o clima – bom demais para ser verdade?”, também hoje publicado, a BEUC apresenta casos em Portugal recolhidos pela Associação Portuguesa para a Defesa do Consumidor (Deco), das marcas vegan Next Level do Lidl e Nestlé Wunda. Enquanto a primeira tem produtos como hambúrguer ou picado a partir de proteína de ervilha, a segunda consiste numa gama de bebidas vegetais à base de proteína de ervilha.
“As alternativas vegetais à carne e laticínios têm um impacto climático menor do que os alimentos com origem animal, mas a sua produção também não é neutra para o clima. O nosso membro português, Deco, encontrou exemplos de leites de soja e de nozes, bem como as gamas veganas de produtos alimentares e bebidas de um retalhista proclamando a sua neutralidade de carbono”, mas que não é, indica a BEUC no documento.
Em concreto, “embora a alegação de neutralidade de carbono feita em produtos da gama vegan Next Level do Lidl indique que se baseia na compensação, este não é o caso dos produtos da marca Nestlé Wunda, que se limitam a reclamar a neutralidade carbónica, embora a neutralidade de carbono seja parcialmente alcançada através de projetos de compensação de carbono”, descreve a organização no documento.
Neste relatório, a BEUC juntou exemplos recolhidos por 11 grupos de consumidores, de 10 países: Áustria (Arbeiterkammer), Bélgica (Testachats), Dinamarca (Forbrukerradet Taenk), França (Clcv e Ufc-Que Choisir), Alemanha (Vzbv), Países Baixos (Consumentenbond), Portugal (Deco), Espanha (Ocu), Suécia (Sveriges Konsumenter), e Suíça (Frc).
Na posição, a BEUC adianta que “as regras atuais só permitem que as autoridades ou os tribunais intervenham quando os danos forem causados e os consumidores já tiverem sido induzidos em erro”.
Porém, “os consumidores não devem, em primeiro lugar, ser expostos a tais práticas enganosas”, razão pela qual “a BEUC apela a uma proibição total de alegações neutras em termos de carbono” na UE dado serem “cientificamente inexatas”, estarem na base de “compensação de carbono” em vez da abolição, “induzirem os consumidores em erro”, haver um tratamento “lento” por parte das autoridades sobre falsas etiquetas ‘verdes’ e ainda por poderem “dissuadir os consumidores de mudar a sua dieta alimentar”.
A diretora-geral da BEUC, Monique Goyens, adianta citada em comunicado que “não existe tal coisa como uma banana neutra em dióxido de carbono”, concluído que “as alegações de carbono neutro são de ‘lavagem’ verde, pura e simplesmente”.
Com sede em Bruxelas, a organização reúne 45 organizações europeias de consumidores de 32 países.
LUSA/HN
28/01/2023
A sondagem foi realizada entre 07 e 16 de dezembro através da Internet pelo Observatório da Sociedade Portuguesa, da Faculdade de Ciências Económicas e Empresariais da UCP, a 1.001 pessoas entre os 20 e os 69 anos e pretendeu aferir as expectativas e intenções para este ano e os sentimentos face à covid-19.
Segundo o estudo de opinião, 60,2% dos portugueses estão pessimistas ou muito pessimistas em relação a 2023, com a maioria a revelar-se preocupada ou muito preocupada com o aumento dos gastos com energia (85,3%), alimentação (82%), combustíveis (76,5%), renda e prestação de empréstimo da casa (63,5%).
Apesar da preocupação manifestada, apenas um quinto (21,8%) dos inquiridos receia ter dificuldades em cumprir as obrigações financeiras assumidas para 2023, como o empréstimo à habitação (42,7%), o crédito pessoal ou ao consumo (35,3%), a renda da casa (31,7%), o pagamento de escolas ou atividades extracurriculares (22%) e o pagamento de empréstimos a familiares ou conhecidos (14,7%).
A maioria dos participantes admite que este ano terá de recorrer às suas poupanças para suportar algum custo extraordinário (68,1%) e terá de reduzir o seu consumo (54,4%), uma vez que terá alguma ou muita dificuldade em manter o seu nível de vida (57,1%).
De acordo com o inquérito, grande parte dos portugueses vai tentar poupar nas refeições fora de casa (75,5%), na compra de roupa (64,7%), em viagens (57,5%) e na aquisição de bens pessoais (50,0%).
O estudo de opinião conclui ainda que, “de uma forma geral”, os portugueses parecem ter “um grau de adaptação muito grande” à covid-19, não tendo manifestado elevados graus de medo, desconforto, nervosismo e ansiedade em relação à doença respiratória pandémica.
LUSA/HN
16/10/2022
“Nós achamos que períodos excecionais merecem medidas excecionais e sabemos que as famílias portuguesas estão a atravessar algumas dificuldades que podem pôr em causa aquilo que é o seu direito a terem uma alimentação adequada”, disse Alexandra Bento à agência Lusa a propósito no Dia Mundial da Alimentação, assinalado hoje.
A bastonária adiantou que a proposta agora apresentada à Assembleia da República, de reduzir o IVA sobre os alimentos essenciais de 6% para 0%, teve como base uma diretiva europeia de abril que diz que cada país da União Europeia passa a beneficiar de uma margem para poder rever a sua estrutura de taxas de IVA em determinados produtos, para responder de uma forma mais adequada aos problemas sociais da sua população.
Tendo por base esta possibilidade legal, a Ordem dos Nutricionistas foi analisar o impacto que esta medida teria num cabaz com os produtos necessários para “uma família típica portuguesa”, constituída por dois adultos e um adolescente, fazer as refeições durante uma semana.
Para isso, realizou um levantamento dos preços dos alimentos em quatro superfícies comerciais, entre os dias 27 e 29 de setembro, tendo em conta os preços medianos, sem promoção, de acordo com o tipo de produto, e cujo valor da taxa de IVA aplicada é de 6%.
Os produtos em causa são os considerados essenciais para uma alimentação saudável, segundo a “roda dos alimentos”, nomeadamente pão, arroz, massa, produtos hortícolas, fruta, leite, iogurte, queijo, carne, peixe, ovos, leguminosas secas, leguminosas frescas, manteiga e azeite.
“O que conseguimos perceber é que, com o IVA atual, esta família típica com este cabaz alimentar essencial (…) gastaria à volta de 126 euros por semana, o que quer dizer que por mês seriam cerca de 545 euros e por ano 6.594 euros”, disse Alexandra Bento.
Com a isenção do IVA, esta família teria uma redução semanal no cabaz alimentar de 7 euros, uma redução mensal de 31 euros e uma redução anual de 374 euros.
Segundo a Ordem, o impacto anual deste cabaz no orçamento líquido numa família com duas pessoas a receber o Rendimento Mínimo Garantido é de 38%, podendo ser reduzido 3%, caso o IVA deixe de ser cobrado.
“Uma redução de cerca de 3% no orçamento familiar (…) é apreciável para famílias que lutam com dificuldades para fazer face às suas necessidades diárias e daí a proposta da Ordem dos Nutricionistas”, que visar garantir “o direito humano a uma alimentação adequada da população, especialmente num período em que a inflação em Portugal no mês de setembro terá aumentado para 9,3%”.
A bastonária dos nutricionistas alertou ainda para os impactos que o aumento dos preços pode ter na alimentação da população.
“Estima-se que a instabilidade dos preços dos alimentos se mantenha nos próximos tempos, o que a juntar à diminuição do poder de compra dos portugueses, pelo aumento da inflação, torna-se imprescindível uma boa gestão das escolhas alimentares, mas também uma ação política que promova a equidade no acesso aos alimentos para garantir o direito a uma alimentação adequada, sem deixar ninguém para trás”, defendeu.
NR/HN/LUSA
16/09/2022
Em Espanha, produtos como o azeite, ovos, leite ou carne de frango podem atingir ou ultrapassar aumentos de 20%.
De acordo com os organismos humanitários, a situação está a agravar-se porque ao mesmo tempo verifica-se, desde o início do ano, uma descida no número de doações de alimentos.
Em Madrid, o Banco Alimentar notou, antes do verão, a diminuição do número de doações que correspondem, atualmente, a menos 40% em relação aos meses antes do início da guerra na Ucrânia (fevereiro), disse à Efe uma porta-voz do organismo da capital espanhola.
O número de refeições diárias também aumentou desde o começo do verão, segundo os registos do Banco Alimentar, passando de 186 mil para 187 mil na Comunidade de Madrid.
As entidades que colaboram com o Banco Alimentar madrileno referem também o aumento progressivo de pessoas que pedem refeições todos os dias, porque os ordenados “não chegam ao final do mês”.
Em Barcelona também aumentaram as filas nos 17 refeitórios sociais da cidade que em 2021 distribuíram 536 mil refeições a 13.158 pessoas necessitadas ou sem-abrigo.
Durante o verão chegou a verificar-se uma rutura no abastecimento de produtos alimentares, apesar de ter aumentado o número de voluntários nos refeitórios sociais da capital da Catalunha.
No hospital de campanha da paróquia de Santa Anna, Barcelona, foram distribuídas sete mil refeições nos meses de julho e agosto de 2021 sendo que o número aumentou para dez mil em igual período em 2022.
De acordo com os responsáveis, com a situação da crise sanitária (covid-19) normalizada e depois do fim das restrições a previsão era que o número de pessoas que recorrem aos serviços de ajuda pudessem diminuir para os níveis de 2019 mas aumentaram por causa das consequências sociais e económicas da pandemia e da guerra na Ucrânia.
As entidades sociais de Barcelona preveem que em 2022 vão ser servidas mais refeições nos refeitórios sociais porque se verifica um aumento de pessoas sem-abrigo e por causa do aumento dos preços dos alimentos.
No caso de Múrcia, o aumento dos preços dos produtos alimentares do cabaz de compras básico modificou o “perfil” das pessoas que pedem ajuda pela primeira vez, disse à agência Efe, Daniel López, da Fundação Jesus Abandonado que fornece alimentos e refeições a quem precisa.
Segundo López, aumenta o número de famílias, e não de pessoas sem-abrigo, que procura ajuda da organização na obtenção de alimentos em Múrcia.
Em Córdova, o Banco Alimentar que distribui em média 350 toneladas de alimentos por mês a entidades na cidade da Andaluzia refere que os próximos meses vão ser “complicados”.
A inflação está a provocar um aumento significativo da procura e, por isso, a entidade de Córdova acumulou alimentos em julho e agosto estimando que no outono e no inverno vai aumentar o número de pessoas “mais vulneráveis”.
A mesma situação verifica-se também em Granada onde o Banco Alimentar enfrenta atualmente um aumento da procura que já atinge valores semelhantes aos que se verificaram durante o pico mais elevado da pandemia de SARS CoV-2.
Paralelamente, o número de doações – em produtos e dinheiro – diminuiu.
“Antes, o dinheiro que recebíamos permitia encher um cabaz com dez produtos, agora só conseguimos seis”, disse à Efe um funcionário do Banco Alimentar de Córdova.
Na cidade da Andaluzia, em 2021 foram atendidas 39.680 pessoas mas este ano o número já atingiu as 45 mil pessoas necessitadas sendo que os aumentos nos preços da eletricidade e do gás também estão a afetar a situação, acrescentou o mesmo responsável.