Depois de numa primeira fase iniciada em abril terem sido realizados testes de segurança em centenas de pessoas, as próximas duas fases vão ser realizadas em várias partes do país e envolver até 10.260 voluntários com mais faixas etárias, incluindo entre os 5 e 12 anos e mais de 56 anos.
Na primeira fase foram excluídos voluntários mais velhos por pertencerem aos grupos de risco devido a uma mortalidade mais elevada na respetiva faixa etária.
As próximas fases pretendem saber o grau de eficácia da vacina e potenciais efeitos secundários e vai ser dada prioridade a pessoas com maior risco de exposição ao vírus, como profissionais de saúde ou trabalhadores de profissões críticas com atendimento ao público.
Em declarações hoje à BBC, o diretor do Grupo de Vacinas da Universidade de Oxford, Andrew Pollard, disse que este grupo de pessoas vai permitir saber com melhor certeza o grau de eficácia da vacina, cujos resultados poderão demorar vários meses.
“Vamos ter muita informação sobre a resposta imunitária à vacina, mas nesta altura não sabemos o volume da resposta imunitária necessária para garantir proteção. Os testes visam obter exposição natural no mundo real para ver se a vacina consegue impedir a infeção”.
Na segunda fase dos testes, “os investigadores vão avaliar a resposta imunitária à vacina em pessoas de diferentes idades, para descobrir se há variação na resposta do sistema imunitária em pessoas idosas ou crianças”, refere um comunicado divulgado hoje.
Na terceira fase, na qual vão participar apenas voluntários adultos, pretende avaliar como é que a vacina funciona num grande número de pessoas e a eficácia em impedir que sejam infetadas e desenvolvam complicações devido ao novo coronavírus SARS-CoV-2.
Os participantes adultos nas fase dois e três serão escolhidos aleatoriamente para receber uma ou duas doses da vacina ChAdOx1 nCoV-19 ou de uma vacina autorizada (MenACWY), que vai ser usada como ‘controlo’ para comparação.
A vacina ChAdOx1 nCoV-19, também conhecida por AZD1222, está a ser desenvolvida pelo Instituto Jenner da Universidade de Oxford a partir de um vírus (ChAdOx1), que é uma versão enfraquecida de um vírus da constipação comum (adenovírus) que causa infeções em chimpanzés, e que foi geneticamente modificado para que não possa reproduzir-se em humanos.
Testes em macacos nos EUA indicaram que os animais não desenvolveram sintomas graves nem pneumonia, mas levantaram questões sobre se teriam sido completamente imunizados porque ainda era possível encontrar sinais de infeção em amostras retiradas do nariz.
Outros testes em animais estão a ser realizados na Austrália e no Reino Unido, mas os resultados ainda não foram divulgados.
Esta vacina é uma entre vários projetos em investigação que estão em desenvolvimento em vários países, mas o projeto da universidade de Oxford ganhou destaque nos últimos dias por ter recebido um investimento de 20 milhões de libras (22 milhões de euros) e por ter formalizado uma parceria com a farmacêutica AstraZeneca.
A empresa anglo-sueca anunciou nos últimos dias ter recebido encomendas para fornecer pelo menos 400 milhões de doses a partir de setembro e o financiamento de mais de mil milhões de dólares (920 milhões de euros) da Autoridade de Pesquisa e Desenvolvimento Biomédico dos EUA.
A nível global, segundo um balanço da agência de notícias AFP, a pandemia de covid-19 já provocou quase 330 mil mortos e infetou mais de cinco milhões de pessoas em 196 países e territórios.
Os Estados Unidos são o país com mais mortos (94.661) e mais casos de infeção confirmados (mais de 1,5 milhões), seguidos pelo Reino Unido (36.042 mortos, perto de 251 mil casos).
LUSA/ HN
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