APNEP alerta para elevado aumento de doentes malnutridos por causa da pandemia

27 de Maio 2020

A Associação Portuguesa de Nutrição Entérica e Parentérica (APNEP) assegura que o número de doentes malnutridos “aumentou de forma drástica durante a pandemia”. A associação acusa as entidades de saúde de se terem esquecido dos doentes durante o combate à Covid-19.

De acordo com a APNEP os números de malnutrição já eram preocupantes antes da pandemia. O presidente da APNEP, Aníbal Marinho, garante que o contexto atual veio agravar ainda mais a situação. “Se antes da covid-19, a realidade destes doentes já era preocupante, agora é ainda mais, sobretudo no domicílio onde não há qualquer tipo de acompanhamento”.

Um estudo realizado pelo Grupo de Estudos de Medicina Interna da APNEP, publicado no início do ano, demonstrava que 73% dos doentes internados em Medicina Interna estão malnutridos, sendo que desses 56% apresentam malnutrição moderada e 17% malnutrição grave.  Aníbal Marinho acredita que neste momento estes números sejam muito superiores.

O presidente da APNEP denuncia a falta de acompanhamento destes doentes depois de terem alta hospitalar, durante a crise da Covid-19. “Muitos destes doentes agravam o seu estado nutricional ainda durante o internamento e quando têm alta saem sem qualquer apoio do Estado para manter a nutrição clínica em casa”.

E acrescenta que “ninguém pensou ou planeou o acompanhamento destes doentes numa altura tão crítica como esta que vivemos”.

Todos os anos Portugal regista mais de 115 mil casos de doentes no domicílio em risco nutricional. É nestes sentido que a APNEP defende que “é  urgente criar linhas de apoio para estes doentes, de forma a evitar que voltem para os hospitais em pior estado clínico do que estavam e acabem por lá falecer.”

Estima-se que em Portugal 2 em cada 4 doentes internados estejam em risco nutricional, valores que representam o dobro da média europeia (1 em cada 4). A APNEP garante que “esta condição clínica está fortemente associada ao aumento da mortalidade e morbilidade, ao declínio funcional, e à permanência hospitalar prolongada, levando a um aumento dos custos em saúde para o estado.”

HN/ Vaishaly Camões

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