Autarcas do Alto Minho e da Galiza querem reabertura “imediata” de fronteiras

3 de Junho 2020

Presidentes de câmara portugueses e galegos de municípios banhados pelo rio Minho exigiram esta quarta-feira a reabertura "imediata" de mais três pontos entre Portugal e Espanha de forma a corrigir o que dizem ser uma injustiça dos dois Estados.

Doze dos 14 autarcas portugueses e galegos com municípios localizados ao longo de 70 quilómetros do rio Minho realizaram esta quarta-feira de manhã uma ação de protesto conjunta no meio da ponte internacional da Amizade, que liga Vila Nova de Cerveira, no distrito de Viana do Castelo, a Tomiño, na Galiza, em Espanha, encerrada desde a reposição de fronteiras entre os dois países.

Na ação, promovida pelo Agrupamento Europeu de Cooperação Territorial (AECT) Rio Minho, que contou com a presença de jornalistas portugueses e espanhóis, os autarcas exibiram a palavra “SOS” em letras grandes.

O controlo das fronteiras terrestres com Espanha está a ser feito desde as 23:00 do dia 16 de março em nove pontos de passagem autorizada devido à pandemia de Covid-19.

Atualmente, no distrito de Viana do Castelo, a ponte nova sobre o rio Minho, que liga as cidades de Valença e Tui, é o único ponto de passagem autorizado para trabalhadores transfronteiriços e transporte de mercadorias.

Na terça-feira, o ministro da Administração Interna admitiu manter encerradas as fronteiras terrestres e aérea com Espanha, enquanto existir uma quarentena interna no país vizinho.

“Nós, neste momento, temos a fronteira terrestre encerrada até 15 de junho. Iremos analisando essa situação. Eu admito que, se as próprias autoridades espanholas já disseram que antes de 01 de julho não haverá liberdade de circulação, provavelmente temos de manter encerrada a fronteira terrestre todo este mês de junho”, afirmou Eduardo Cabrita.

O governante sublinhou que “não faz sentido reatar a fronteira terrestre enquanto em Espanha existir uma situação epidemiológica que exige acompanhamento e enquanto existir uma quarentena interna”.

Mas, nas últimas semanas, os autarcas dos dois lados do rio Minho têm feito repetidos apelos à abertura de mais passagens entre as duas regiões transfronteiriças.

Na sexta-feira, os presidentes das câmaras de Valença e Tui lançaram “um pedido de socorro” aos Governos de Portugal e de Espanha, exigindo a reabertura imediata da ponte centenária que liga a eurocidade, e de mais pontos de passagem no território face aos “prejuízos muito graves” que a atual situação está a causar à economia dos dois territórios e aos trabalhadores transfronteiriços.

Anteriormente também o diretor do AECT Rio Minho referiu que o território está “afogado” por uma única passagem na fronteira entre os dois países e a situação está a tornar-se “insustentável”.

Constituído em fevereiro de 2018 e com sede em Valença, o AECT Rio Minho abrange um total de 26 concelhos: os 10 municípios do distrito de Viana do Castelo que compõe a CIM do Alto Minho e 16 concelhos galegos da província de Pontevedra.

Também o Observatório Transfronteiriço Espanha-Portugal indica que, “dos 60 pontos existentes entre ambos os países, os de Valença-Tui, Cerveira-Tomiño e Monção-Salvaterra do Minho estão entre os seis com maior fluxo de tráfego transfronteiriço, somando, entre as três, mais do 50% do trânsito de veículos”.

Em Portugal, morreram 1.436 pessoas das 32.895 confirmadas como infetadas, e há 19.869 casos recuperados, de acordo com a Direção-Geral da Saúde.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano passou a ser o que tem mais casos confirmados (cerca de três milhões, contra mais de 2,1 milhões no continente europeu), embora com menos mortes (mais de 165 mil, contra mais de 179 mil).

Portugal entrou no dia 03 de maio em situação de calamidade devido à pandemia, que sexta-feira foi prolongado até 14 de junho, depois de três períodos consecutivos em estado de emergência desde 19 de março.

LUSA/HN

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