A investigação, denominada “Sonhos em tempos de pandemia”, está a ser desenvolvida por professores das universidades federais de Minas Gerais, Rio Grande do Sul, Rio Grande do Norte e São Paulo, com base na interpretação dos sonhos realizada no passado por aquele que é considerado o pai da psicanálise, Sigmund Freud.
“Nos sonhos, o aparato psíquico abre-se para elaborar o que não compreendemos e, por esse motivo, eles parecem dar algum sentido à realidade, mesmo que seja tão irreal quanto a da pandemia”, indicou Gilson Iannini, professor da Universidade Federal de Minas Gerais e coordenador da investigação.
Para o cientista, os sonhos são uma espécie de “laboratório” onde a mente trabalha “sem a censura da vida consciente” e onde os medos, ansiedades, desejos e frustrações “são encenados, como se fossem projetados numa tela de cinema”.
O estudo dos sonhos durante a pandemia é desenvolvido mediante a análise de experiências que são compartilhadas voluntariamente pelos brasileiros, num perfil na rede social Instagram.
Através do perfil @sonhosconfinados daquela rede social, os interessados acedem a um formulário e inserem os seus relatos, numa colaboração em que o anonimato é garantido.
O questionário também indaga sobre a forma como a pessoa interpreta os seus sonhos, as sensações percebidas durante os mesmos e se estes mudaram desde que começou o isolamento social como medida para enfrentar a pandemia.
Ao mesmo tempo, a metodologia permite que o interessado possa conversar com um dos especialistas, caso deseje aprofundar o seu relato.
Através da análise das histórias recolhidas, os cientistas consideram que será possível ajudar a aliviar o sofrimento psicológico e produzir novos significados sobre os efeitos do mal-estar atual.
Até ao final de maio, mais de 200 sonhos haviam sido registados, e os relatos de mulheres jovens – na faixa etária dos 25 anos – foram os mais recorrentes.
A pandemia do novo coronavírus chegou ao Brasil, oficialmente, no final de fevereiro e em março começaram a ser decretadas as primeiras medidas de confinamento nas principais cidades do país.
Com mais de 800.000 infetados e quase 41.000 mortos, o Brasil é hoje o segundo país com mais casos de covid-19 no mundo e está perto de se tornar o segundo com mais mortes devido ao vírus.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 421 mil mortos e infetou mais de 7,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.
LUSA/HN
0 Comments