O aeroporto de Bruxelas-Zaventem, na capital belga, reabriu aos viajantes com uma série de medidas de proteção, como múltiplos pontos de desinfeção das mãos, uso obrigatório de máscara, novos percursos de acesso, 10.000 autocolantes de sinalização, câmaras térmicas e mensagens constantes nos altifalantes sobre as regras de higiene e segurança.
A companhia aérea belga Brussels Airlines, a principal a operar em Zaventem, começou por prever para hoje nove voos com partida de Bruxelas, mas foi acrescentando outros, dois dos quais deverão chegar a Lisboa ao final da tarde, devido à forte procura.
“As medidas são ultra flexíveis para as reservas. Isso torna difícil prever quantos passageiros haverá, mas compreendemos que não é fácil tomar a decisão de viajar”, admitiu um porta-voz da companhia, Maaike Andries.
No dia de hoje, Bruxelas-Zaventem espera cerca de 4.000 passageiros para 60 voos, contra 700 voos diários em média antes da pandemia associada ao novo coronavírus.
Para o verão, esperam-se já um milhão de passageiros por dia.
Ao princípio da manhã, os jornalistas convidados a assistir à reabertura do aeroporto relataram que a retoma se fazia em ambiente tranquilo, mas prudente e, em alguns casos, de impaciência.
Daniel Claessens, engenheiro, disse à agência France-Presse que partia para a Dinamarca em trabalho, depois de meses sem deslocações “porque não era necessário” e “não queria correr riscos”.
Joy Kamel, estudante, mostrou-se mais impaciente à partida para o sul de França, para visitar o pai: “Há cinco meses que não o vejo […] Estava verdadeiramente impaciente, estou em período de exames, mas como são feitos ‘online’ pude aproveitar”.
No interior dos aviões, o uso de máscara é obrigatório durante todo o percurso e os passageiros têm um lugar de intervalo entre si.
Além da Bélgica, também Alemanha, Espanha, França, Grécia, Suíça e Holanda abriram hoje as fronteiras internas a viajantes de outros Estados-membros da UE, fechadas há vários meses devido à pandemia de covid-19.
Em alguns casos, como a Grécia, a abertura vai além dos 27, abrangendo países como a Austrália, nova Zelândia, Coreia do Sul ou China.
Noutros, o levantamento das restrições não se aplica a todos os 27 Estados-membros da UE, caso da Alemanha, que mantém o controlo (situações excecionais, excluindo turismo ou visitas) para viajantes de países como Espanha, Suécia e Finlândia.
Itália, primeiro país da Europa fortemente atingido pela pandemia, abriu fronteiras a 3 de junho.
Na Alemanha, longas filas de automóveis juntaram-se desde as primeiras horas na fronteira com a Dinamarca e cerca de 400 pessoas tinham previsto viajar para as Baleares (Espanha), no âmbito de um plano-piloto para aquela região de Espanha, muito dependente do turismo e mais avançada no desconfinamento que outras partes do país devido ao menor número de casos.
Martin Hoffman, um desses turistas alemães ouvido pela agência Associated Press (AP), disse-se “encantado” por embarcar no primeiro voo de Düsseldorf para Maiorca: não podia adiar as férias “e ficar na Alemanha não era opção”, disse.
“Estamos felicíssimos por poder sair”, acrescentou.
As autoridades alemãs pediram especial precaução com os países nórdicos, designadamente a Suécia, em relação aos quais Berlim observa o limiar de 50 novos contágios por cada 100.000 habitantes como regra para manter ou não a recomendação de não viajar.
“Viajar é sempre por responsabilidade do próprio, independentemente de haver uma pandemia ou outra situação de crise”, disse o ministro dos Negócios Estrangeiros alemão, Heiko Maas, assegurando que haverá apoio consular aos alemães no estrangeiro, mas não voos fretados para repatriar aqueles que decidam viajar para países onde a pandemia não está sob controlo.
Em França, onde hoje foram levantadas a esmagadora maioria das restrições, as viagens transfronteiriças voltam a ser autorizadas para todos os fins e, pela primeira vez desde meados de março, um comboio partiu da Gare du Nord, em Paris, para Dortmund, na Alemanha.
“É simbólico, porque estávamos habituados a não haver fronteiras entre os países europeus e isso mudou, portanto é todo um símbolo”, disse à AFP Natalia Gumcova, de partida para Dortmund.
Com a reabertura da fronteira com a Alemanha, deixa de ser necessário aos viajantes identificar-se e apresentar uma declaração justificativa à polícia.
Na Islândia, que não pertence à UE, mas integra o espaço europeu de livre circulação Schengen, as fronteiras reabriram hoje sem restrições a todos os países Schengen, embora exija aos viajantes que realizem um teste à covid-19, gratuito até 1 de julho, ou se submetam a uma quarentena de duas semanas.
A medida será reavaliada a cada duas semanas, mas as autoridades preveem que se mantenha até ao final do ano, e, a partir de julho, o teste só será gratuito para crianças até aos 14 anos e terá um custo de 15.000 coroas (cerca de 98 euros) para os restantes, um custo considerado excessivo para a associação de empresas de turismo.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 433 mil mortos e infetou mais de 7,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço de hoje da AFP.
Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.
Ainda assim, vários países europeus mantém-se como dos mais atingidos do mundo, caso do Reino Unido (41.698 mortos em mais de 295 mil casos), Itália (34.345 mortos, quase 237 mil casos), França (29.398 mortos, mais de 193 mil casos) e a Espanha (27.136 mortos, mais de 243 mil casos).
LUSA/HN
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