Médicos na Rússia ameaçados por denunciarem a falta de condições no trabalho

15 de Junho 2020

A organização Human Rights Watch denunciou esta segunda-feira que os trabalhadores do setor da saúde na Rússia estão a ser ameaçados e retaliados pelos seus empregadores por exporem as más condições de trabalho durante a pandemia de Covid-19.

Num comunicado, a organização não-governamental (ONG) Human Rights Watch (HRW) referiu que as condições de insegurança para estes trabalhadores do setor da saúde incluem a falta de equipamento de proteção individual adequado para tratar com segurança pacientes suspeitos ou confirmados com Covid-19 e impedir a propagação da doença.

“Em vez de ouvir e tentar resolver as preocupações legítimas dos trabalhadores da saúde sobre questões de segurança, empregadores e superiores adotaram medidas disciplinares ou até processaram os funcionários por se manifestarem”, disse Hugh Williamson, diretor para Europa e Ásia Central da HRW, citado na nota.

A HRW refere igualmente que as promessas do Governo para resolver a falta de proteção não se materializaram totalmente, e que, por isso, os trabalhadores continuam a enfrentar riscos para a saúde, quando a transmissão do vírus na comunidade permanece alto.

“Os trabalhadores da saúde da linha de frente devem ser capazes de relatar as condições perigosas pelas quais sofrem sem serem ameaçados, demitidos ou processados”, acrescentou ainda Williamson.

A HRW referiu que entrevistou 14 trabalhadores da saúde de 11 regiões, incluindo Moscovo e São Petersburgo, entre 15 de maio e 01 de junho de 2020, incluindo 11 mulheres.

Estes trabalhadores são pessoal médico, paramédicos, enfermeiros, além de um representante de um sindicato de trabalhadores da saúde e o chefe de uma organização de caridade que fornece equipamentos de proteção individual a hospitais.

No final de maio, o Ministério da Saúde da Rússia reconheceu pela primeira vez a morte de 101 profissionais de saúde desde o início da pandemia, embora outras fontes tenham apontado o número de mortos entre os médicos em mais de 300.

A situação levou muitos trabalhadores da saúde a deixarem os seus locais de trabalho, a protestar publicamente ou a supostos suicídios, sendo que três médicos caíram pela janela entre abril e maio.

A Rússia, que contabiliza 6.948 mortos, é o terceiro país do mundo em número de infetados, depois dos EUA e do Brasil, com mais de 528 mil.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 431 mil mortos e infetou mais de 7,8 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

A doença é transmitida por um novo coronavírus detetado no final de dezembro, em Wuhan, uma cidade do centro da China.

Depois de a Europa ter sucedido à China como centro da pandemia em fevereiro, o continente americano é agora o que tem mais casos confirmados e mais mortes.

Em Portugal, morreram 1.517 pessoas das 36.690 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Informação HealthNews: Ana Paula Martins será reconduzida no cargo

De acordo com diferentes fontes contactada pelo Healthnews, Ana Paula Martinis será reconduzida no cargo de Ministra da Saúde do XXV Governo constitucional, numa decisão que terá sido acolhida após discussão sobre se era comportável a manutenção da atual ministra no cargo, nos órgão internos da AD. Na corrida ao cargo, para além de Ana Paula Martins estava Ana Povo, atual Secretária de Estado da Saúde, que muitos consideravam ser a melhor opção de continuidade e Eurico Castro Alves, secretário de estado da Saúde do XX Governo Constitucional.

Auditorias da IGAS apontam fragilidades no combate à corrupção no SNS

A Inspeção-Geral das Atividades em Saúde realizou 14 auditorias a entidades do SNS desde 2023, que identificaram áreas críticas que exigem reforço nos mecanismos de controlo interno e prevenção da corrupção nas entidades auditadas, revela um relatório hoje divulgado

Programa Proinfância apoia mais de 1.200 crianças vulneráveis em Portugal

Desde o seu lançamento em Portugal, em 2021, o Programa Proinfância da Fundação ”la Caixa” tem acompanhado mais de 1.200 crianças e adolescentes, assim como mais de 800 famílias em situação de vulnerabilidade económica e risco de exclusão social em todo o território nacional. 

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights