“Confirmo que recebemos, assim como os nossos homólogos italiano, espanhol e britânico, uma carta do secretário do Tesouro Steven Mnuchin (na imagem) que diz que eles [Estados Unidos] não querem continuar as negociações na OCDE sobre os impostos às empresas digitais”, disse Bruno Le Maire à France Inter.
“Esta carta é uma provocação”, lamentou o ministro acrescentando que a França, o Reino Unido, a Itália e a Espanha já tinham informado os Estados Unidos, por carta, a intenção de alcançar “uma taxa justa para as empresas digitais, o mais rápido possível”.
“Estávamos a poucos centímetros de um acordo sobre a tributação aos ‘gigantes digitais’ que são talvez os únicos no mundo que estão a beneficiar com a pandemia do covid-19”, sublinhou Le Maire que se mostrou indignado com a forma como a França foi tratada pelos norte-americanos.
“Que maneira de tratar os aliados dos Estados Unidos (…) ameaçando-nos sistematicamente com sanções”, criticou frisando que a França não vai renunciar às taxas que foram implementadas por Paris em 2019.
“Nós vamos aplicar a tributação às empresas digitais em 2020 porque é uma questão de justiça”, disse recordando que a taxa francesa “nunca foi retirada” mas apenas suspensa durante alguns meses.
Em janeiro, a França anunciou o adiamento até ao final do ano da cobrança do imposto para que as negociações pudessem “correr da melhor maneira” no quadro da OCDE (Organização de Cooperação e Desenvolvimento Económico).
No final do mês de janeiro, 137 países concordaram em alcançar até ao fim de 2020 um acordo sobre impostos às multinacionais digitais, sob a égide da OCDE.
“Ou os Estados Unidos voltam à posição inicial e chegamos a um acordo até ao final do ano ou passamos a aplicar as nossas taxas nacionais visto que os Estados Unidos são o único país a bloquear as negociações”, afirmou.
Face aos pro
ósitos da França em taxar as multinacionais digitais, a Administração norte-americana ameaçou “taxar até 100% os produtos franceses”.
NR/HN/Lusa
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