Pedidos de proteção de cidadãos estrangeiros aumentaram 44% em Portugal

19 de Junho 2020

O Conselho Português para os Refugiados (CPR) registou no ano passado 1.716 pedidos de proteção de cidadãos estrangeiros, mais 44% do que em 2018, disse esta sexta-feira à agência Lusa a presidente deste organismo, Mónica Farinha.

“Este ano, tivemos cerca de 500 pedidos de proteção”, acrescentou Mónica Farinha em entrevista à agência Lusa, frisando que estes números têm de ser interpretados em função da pandemia de Covid-19 e do fecho de fronteiras, que serviu de bloqueio à entrada de refugiados.

Em vésperas do Dia Mundial do Refugiado, que se assinala no sábado, a presidente do Conselho Português para os Refugiados considerou que os números globais são “muito preocupantes e trágicos”.

O número de pessoas forçadas a fugir em todo o mundo devido a conflitos, perseguições e outras violências atingiu em 2019 os 79,5 milhões, o que representa que mais de 1% da Humanidade está deslocada, revelou a Organização das Nações Unidas (ONU).

Relativamente à situação em Portugal, o CPR considera que o país precisa de “estruturar uma política de acolhimento e de integração” que permita a estes cidadãos terem acesso a formação em língua portuguesa, a formação profissional e ao reconhecimento dos diplomas que trazem do país de origem.

Questionada sobre as situações de Covid-19 detetadas em requerentes de proteção em Portugal, a presidente do CPR afirmou que o problema foi identificado e “as soluções também”.

Num universo de 600 pessoas testadas, apenas 20 mantêm testes positivos à presença do novo coronavírus, assegurou.

“A maioria vivia em centros de acolhimento e em hostels, em virtude de os nossos centros estarem sobrelotados, devido à grande procura”, justificou, exemplificando que o mesmo aconteceu em locais de vivência em comunidade como lares e fábricas.

“As soluções encontradas foram prestar acompanhamento médico. A maioria estava assintomática”, referiu.

A presidente do CPR encara com prudência as notícias que dão conta de que o Algarve poderá servir uma nova rota de entrada na Europa: “Creio que Portugal não tem a mesma pressão migratória que tem Espanha. Mas se é uma nova rota, ainda é precoce dizer”.

Portugal, defendeu, deve continuar a ter um programa de reinstalação e de acolhimento.

Para o final do mês, está prevista a chegada do primeiro grupo de crianças que vivem em campos de refugiados na Grécia, ao abrigo dos mecanismos de apoio estabelecidos.

Muitas vezes encarados como um problema e uma responsabilidade, Mónica Farinha prefere destacar que os refugiados são normalmente pessoas que, pelo percurso de vida e experiência, têm “uma grande força para enfrentar os problemas e uma grande capacidade de adaptação”.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados mostrou-se na quinta-feira muito preocupado com os efeitos da Covid-19 em todo mundo destacando os milhões de venezuelanos obrigados a refugiarem-se em países estrangeiros.

O Alto Comissário das Nações Unidas para os Refugiados, Filippo Grandi, recordou que 164 países em todo o mundo fecharam totalmente ou parcialmente as fronteiras como medida de contenção da pandemia, mas milhões de pessoas fugiram para países estrangeiros encontrando-se a viver da “economia informal”.

LUSA/HN

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