Prémio de Inovação em Saúde da Universidade do Porto distingue 4 projetos de “combate” ao vírus

22 de Junho 2020

Um revestimento para tornar superfícies antivirais, um dispositivo para monitorizar a tosse, uma terapia contra a inflamação descontrolada e o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes foram as quatro soluções de “combate” à Covid-19 distinguidas pelo Prémio de Inovação em Saúde.

Em comunicado, o Instituto de Investigação e Inovação em Saúde (i3S) da Universidade do Porto (U.Porto) avança esta segunda-feira que a 3.ª edição do Prémio de Inovação em Saúde, dedicado a encontrar soluções de “combate” à Covid-19, distinguiu “quatro projetos inovadores nas áreas da prevenção, monitorização da doença, terapia e proteção”.

Nesta edição, que teve como patrocinadores a Tecnimed Group, Vallis Capitar Partners e a Câmara Municipal do Porto, os candidatos foram também distinguidos pelo gabinete de patentes Patentree, a Agência Nacional de Inovação (ANI), a Porto Business School e a Esfera Cúbica – Audiovisual Productions.

O revestimento nanotecnológico para tornar as superfícies antivirais, desenvolvido pela ‘startup’ Smart Separations, conquistou o ‘i3S Health Innovation Prize’, no valor de 20 mil euros, e “mais um valor idêntico em serviços de apoio à inovação” pelo programa de aceleração Resolve-Health.

Citado no comunicado, Hugo Macedo, líder da empresa tecnológica em fase de desenvolvimento, explica que o revestimento consegue “destruir” vírus como a Covid-19 e outros vírus, bactérias e fungos “em segundos”, podendo ser incorporado numa “gama alargada de materiais”, tais como, madeira, metal, tecido e filtros de ar cerâmicos.

“Esta solução é particularmente útil em locais frequentados por um elevado número de pessoas onde o risco de transmissão por superfícies contaminadas e ar é alto, como é caso de escolas, hospitais, lares, transportes públicos, escritórios e fabricas”, refere Hugo Macedo, adiantando que a tecnológica está já a realizar estudos de segurança por forma a acelerar a chegada da solução ao mercado.

Por sua vez, a ‘startup’ C-mo Medical Solutions conquistou, com o desenvolvimento de um dispositivo médico para avaliar a tosse de doentes, o prémio ‘Porto Business School Award’.

Segundo Sara Lobo, co-fundadora da tecnológica, o dispositivo, intitulado ‘C-mo’, faz a “monitorização automática das características distintivas da tosse no dia a dia do doente, tal como a sua frequência, o tipo de padrões de tosse associados”.

Esta solução, ao relacionar a tosse com parâmetros fisiológicos como a temperatura corporal, permitirá aos médicos “obter informações extremamente valiosas” e “particularmente importantes durante esta pandemia”.

O prémio atribuído pela Agência Nacional de Inovação, o Born from Knowledge, distinguiu um projeto do i3S de tratamento da sépsis (uma inflamação descontrolada presente em pessoas que morreram com covid-19) utilizando uma proteína natural humana, a Spα.

Liderado pelo investigador Alexandre Carmo, o projeto tem-se centrado na criação de uma terapia que visa “atacar não a causa, mas sim a consequência da infeção por SARS-CoV-2”, podendo vir a ser utilizada em “surtos futuros” provocados por novos vírus ou outros patogénicos.

Já o desenvolvimento de anticorpos neutralizantes contra o SARS-CoV-2, projeto proposto por investigadores do Centro de Neurociências e Biologia Celular da Universidade de Coimbra (CNC-UC) conquistou o ‘Esfera Cúbica Award’.

Citado no comunicado, Ricardo Vieira-Pires, um dos responsáveis pelo projeto, explica que este é um “desenvolvimento de baixo custo e escalonável”, uma vez que os anticorpos neutralizantes são produzidos em ovos de galinha.

Os anticorpos purificados de ovo vão ser “a base para diversos bioprodutos de controlo e prevenção da covid-19”, afirma o investigador, salientando que entre os produtos encontra-se um BioSpray Anti-Coronavírus, que é “capaz de neutralizar a carga viral em superfícies” que pode ser usado em equipamentos de proteção individual.

A pandemia de covid-19 já provocou mais de 465 mil mortos e infetou cerca de 8,9 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

Em Portugal, morreram 1.530 pessoas das 39.133 confirmadas como infetadas, de acordo com o boletim mais recente da Direção-Geral da Saúde.

LUSA/HN

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