De acordo com os especialistas, nos últimos três meses houve uma diminuição de 6,6% do número de consultas nos cuidados primários e menos 5,7% nos hospitais, em relação ao ano passado. Sem saber exatamente quantas mulheres, em Portugal, deixaram de ir ao seu médico para fazer o rastreio do cancro do colo do útero, o medo do contágio do novo coronavírus é uma das explicações encontradas pelos especialistas.
O especialista em ginecologia-obstetrícia e presidente da Federação das Sociedades Portuguesas de Obstetrícia e Ginecologia, Daniel Pereira, considera que a Covid-19 vai ter “repercussões se farão sentir daqui a alguns anos”. No entanto, acredita que “é ainda possível recuperar o tempo perdido. Tivemos uma pausa quase absoluta de três meses e tem agora de haver, por parte das autoridades de saúde, uma estratégia definida para que se possam recuperar estes meses”.
Todos os anos, o cancro do colo do útero atinge cerca de 500 mil mulheres, levando à morte de 300 mil a nível mundial. Em 2018, mais de 700 mulheres portuguesas foram diagnosticadas com cancro.
Os especialistas explicam que a doença resulta de “alterações celulares que ocorrem nas células da camada basal do epitélio do colo uterino, provocadas virtualmente em todos os casos por uma infeção pelo vírus do papiloma humano (HPV), demora, em média, dez anos para se desenvolver”. Para os patologistas este pode significar um sinal positivo, já que “torna mais fácil a tarefa de prevenção, seja através da vacina ou do rastreio”.
Em relação ao rastreio do vírus do papiloma humano “é relativamente fácil deixar para depois, sobretudo na ausência de sintomas”. Para o ginecologista embora não haja ainda uma retoma normal das consultas, o ganho da confiança será cada vez mais progressivo. “Se obedecermos às regras definidas pela Direção-Geral da Saúde de uso de máscaras, de distanciamento e de lavagem e desinfeção regular das mãos, a probabilidade de infeção é baixíssima”.
A campanha da LPCC “Faz o rastreio e alerta as mulheres da tua vida!” quer alertar não só para a importância do rastreio, mas também para a necessidade de aumentar o conhecimento da população geral sobre a relação entre o HPV e o cancro do colo do útero, desmistificando ideias associadas a uma infeção por HPV.
PR/HN/ Vaishaly Camões
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