”Estou a tomar aqui a terceira dose da hidroxicloroquina. Estou a sentir-me muito bem. (…) Hoje, terça-feira, estou muito melhor do que sábado. Então, com toda a certeza, está a dar certo”, disse Bolsonaro, entre risos, enquanto tomava o medicamento.
O vídeo foi partilhado na rede social Facebook, horas depois de o chefe de Estado ter sido diagnosticado com a Covid-19.
“Sabemos que hoje em dia existem outros remédios que podem ajudar a combater o coronavírus, sabemos que nenhum tem a sua eficácia cientificamente comprovada, mas mais uma pessoa em que está a dar certo. Então, eu confio na hidroxicloroquina, e você?”, concluiu o Presidente brasileiro, tecendo elogios ao fármaco usado no tratamento de doenças como a malária, mas sem comprovação científica no tratamento da Covid-19.
O Presidente do Brasil informou na terça-feira que está infetado com o novo coronavírus, um dia depois de relatar sintomas e de realizar um teste num hospital militar, em Brasília.
“Todo o mundo sabia que mais cedo ou mais tarde [o vírus] ia atingir uma parte considerável da população (…) Eu, se não tivesse feito o exame, não saberia do resultado. E ele acabou de dar positivo”, declarou Bolsonaro.
O mandatário brasileiro afirmou ainda que tomou, na segunda-feira, uma dose de hidroxicloroquina, substância polémica usada no Brasil no tratamento da Covid-19 e amplamente defendida por Bolsoanro desde o início da pandemia.
Mesmo com o facto de o fármaco não ter eficácia comprovada contra o novo coronavírus e de poder causar danos colaterais graves na saúde dos pacientes, Bolsonaro pressionou o Ministério da Saúde para incluir a cloroquina e hidroxicloroquina no protocolo de tratamento no país, não só para casos graves, mas também para pessoas com sintomas leves da doença.
Até ao final de junho, o executivo brasileiro já tinha distribuído pelo país 4,3 milhões de unidades de cloroquina para o tratamento da Covid-19.
Após Bolsonaro ter anunciado que foi diagnosticado com a doença, o deputado federal Marcelo Freixo, do Partido Socialismo e Liberdade (PSOL), anunciou que entrou com uma representação no Ministério Público, para que o chefe de Estado responda por crimes contra a saúde pública.
Segundo alegou o deputado, o Presidente “violou os artigos 131 e 132 do Código Penal ao retirar a máscara durante a entrevista em que anunciou que estava com o coronavírus”.
Na avaliação de Freixo, Bolsonaro colocou a vida dos jornalistas em risco, ao prestar declarações sem o devido distanciamento social e ao retirar a sua máscara no momento da despedida, mesmo sabendo que estava infetado.
Jair Bolsonaro, um dos líderes mais céticos em relação à gravidade da atual pandemia, tem suscitado duras críticas por se opor ao isolamento social para combater a propagação da Covid-19, doença que chegou a classificar de “gripezinha”.
O Brasil totaliza agora 66.741 óbitos e 1.668.589 casos confirmados desde o início da pandemia.
A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 539 mil mortos e infetou mais de 11,69 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
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