“Vamos manter o sistema atual, com algumas correções, até 30 de agosto. Nas zonas vermelhas, onde o contágio cresce, vamos voltar à fase 1. Nos outros lugares, vamos continuar com o sistema, mas peço que não haja encontros sociais”, anunciou o Presidente Alberto Fernández, a partir da residência oficial de Olivos, na área metropolitana de Buenos Aires.
Fernández procurou não pronunciar a palavra “quarentena” e preferiu classificar o regresso a um isolamento total nas áreas onde o vírus passou a circular de forma preocupante como “Fase 1”.
No resto do país onde a quarentena continua sem modificações, preferiu referir-se a “isolamento sanitário”.
“Continuamos a falar sobre quarentena sem que na Argentina exista quarentena porque as pessoas circulam, porque as lojas abriram e porque a atividade industrial funciona acima de 90%”, minimizou para, contraditoriamente, anunciar que 17 distritos, os mais importantes do país, continuarão em “isolamento sanitário” e que outros cinco passam à fase 1, a de quarentena total.
“O número de contágios cresce e os sistemas de saúde começam a mostrar graus de ocupação preocupantes. Temos de entender que o problema já não é mais a área metropolitana de Buenos Aires e que o problema se disseminou por todo o país”, advertiu.
O Presidente argentino reconheceu “o nível de cansaço dos argentinos” que atravessaram 147 dias de uma quarentena que ainda se estenderá, pelo menos, por mais 16 dias.
Como estratégia para superar esse “esgotamento de um anúncio a cada duas semanas” optou agora por apontar à “uma janela de esperança no horizonte”, depois de, nesta semana, a Argentina ter anunciado que vai produzir a vacina de Oxford.
“É um tempo de esperança porque conseguimos acordos com a universidade de Oxford e com o laboratório AstraZeneca. Isso, pela primeira vez, deixa-nos ver um horizonte porque, nos primeiros meses do próximo ano, podermos contar com essa vacina”, disse Fernández, procurando injetar ânimo, embora a vacina ainda esteja na fase de testes clínicos.
Apesar do endurecimento da quarentena em zonas críticas do interior e da manutenção do isolamento sem modificações nos dez distritos que rodeiam a capital argentina, Alberto Fernández anunciou que vão habilitar algumas atividades como “desportos individuais” na principal cidade do país.
O governador do Distrito Federal de Buenos Aires, Horacio Larreta, anunciou que serão permitidos desportos como remo, automobilismo, ténis e golfe.
A permissão é alargada a algumas atividades profissionais que ficaram cinco meses sem poder ser exercidas, como arquitetura e engenharia.
Os bares e os restaurantes vão continuar fechados e o transporte público vai continuar a servir exclusivamente para trabalhadores de atividades essenciais.
O Presidente argentino voltou a mostrar-se preocupado com os encontros sociais clandestinos, contra os quais emitiu, há duas semanas, um decreto que proíbe reuniões sociais e familiares entre pessoas que não convivem habitualmente entre si.
“Os problemas de contágios acontecem nos encontros sociais que não podemos dominar. Peço que entendam que não é um ato de autoritarismo nem de prepotência. Entendam o risco de contactos físicos. Entendam que não tenho outra forma de resolver isso”, insistiu.
Perante a organização de grandes protestos contra a falta de liberdades, Alberto Fernández explicou que as restrições são necessárias para o cuidado da saúde.
“Nunca restringimos liberdades. Só cuidamos da saúde das pessoas. Aqui não há liberdades em jogo. Precisamos ter restrições para o cuidado. Há coisas que devemos parar de fazer. Não estamos a cortar liberdades. Estamos a cuidar. Não se esqueçam disso”, concluiu
Com 45 milhões de habitantes, a Argentina tem 5.428 falecidos e observa um aumento diário do número de vítimas.
A pandemia de covid-19 já provocou mais de 754 mil mortos e infetou quase 21 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.
LUSA/HN
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