Milhares de membros de igreja em confinamento na Coreia do Sul

17 de Agosto 2020

Milhares de membros de uma igreja protestante em Seul foram colocados em confinamento, anunciaram esta segunda-feira as autoridades sul-coreanas, após o surgimento de surtos de Covid-19 relacionados com comunidades religiosas.

O maior foco de infeções está na Igreja Sarang Jeil, em Seul, liderada por um pastor conservador controverso que também é uma figura importante nos protestos contra o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in.

Um total de 315 casos ligados à igreja foram registados até agora, segundo as autoridades sul-coreanas, e cerca de 3.400 membros desta congregação foram colocados em confinamento.

Cerca de um em cada seis fiéis testou positivo para o coronavírus, disse o vice-ministro da Saúde sul-coreano, Kim Gang-lip.

Uma lista de membros fornecida pela igreja foi considerada “imprecisa”, disse o vice-ministro, tornando a rastreamento e o isolamento “muito difíceis”.

Até agora, a Coreia do Sul tinha conseguido controlar a epidemia do novo coronavírus por meio de uma estratégia muito extensa de testar e rastrear os contatos dos infetados, sem impor um confinamento obrigatório.

A Igreja de Jesus Shincheonji, ligada a cerca de cinco mil casos de Covid-19, esteve no centro do surto de fevereiro da epidemia de coronavírus no país.

Neste fim de semana, o líder da Igreja Sarang Jeil, Jun Kwang-hun, foi um dos oradores que se dirigiu a milhares de manifestantes que protestavam contra o Governo de centro-esquerda de Moon, apesar dos apelos para evitar grandes aglomerações devido ao novo coronavírus.

O Ministério da Saúde e as autoridades de Seul entraram com duas queixas distintas contra Jun, acusando-o de dificultar deliberadamente os esforços para lidar com a epidemia.

O país registou hoje 197 novos casos da doença, elevando o número nacional desde o início da epidemia em fevereiro para 15.515 pessoas infetadas pelo novo coronavírus.

Este é o quarto dia consecutivo em que mais de cem infeções pelo vírus são contabilizadas, após várias semanas em que os números oscilaram entre trinta e quarenta.

Neste fim de semana, os governos de Seul e da província vizinha de Gyeonggi – que conta com quase metade da população da Coreia do Sul – aumentaram as restrições e proibiram as reuniões religiosas após o surgimento de novos casos, aumentando o temor de uma segunda onda da epidemia.

A pandemia de Covid-19 já provocou mais de 766 mil mortos e infetou mais de 21,5 milhões de pessoas em 196 países e territórios, segundo um balanço feito pela agência francesa AFP.

LUSA/HN

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