Nova investigação do Instituto Karolinska mostra que o grau de fragilidade, a medição do nível funcional de uma pessoa antes de contrair a doença, pode prever melhor a sobrevivência à Covid-19 do que a idade do paciente. A análise de 250 adultos mais velhos multimórbidos que receberam tratamento no Hospital Universitário do Instituto Karolinska em Huddinge, na Suécia, mostra também que três de cada quatro destes pacientes sobreviveu. O estudo foi publicado no Jornal da Associação Americana de Diretores Médicos.
A população mais envelhecida tem um risco aumentado de desenvolver casos graves de Covid-19 e morrer de doença, mas as diferenças individuais são grandes. AS recomendações gerais na Suécia para o distanciamento social aplicam-se a todos os cidadãos com mais de 70 anos, independentemente do seu estado de saúde.
Os investigadores do Instituto Karolinska e do Hospital Universitário Karolinska analisaram a informação de 250 pacientes que foram tratados para a Covid-19 no Aging Theme do Hospital Universitário do Instituto Karolinska em Huddinge entre 1 de março e 11 de junho deste ano. Cerca de 76% dos pacientes sobreviveu à hospitalização. “É gratificante ver que muitos destes pacientes mais velhos e multimórbidos com Covid-19 consegue sobreviver”, diz Sara Hägg, professora associada em epidemiologia molecular no Departamento de Epidemologia Médica e Bioestatistica no Instituto Karolinska, uma das principais autoras do estudo. “De qualquer forma, não sabemos o que o acontece depois do período de tratamento; como está a sua saúde depois um período mais longo? É isso que queremos seguir agora”.
A idade mais avançada, mas também a fragilidade, foi ligada ao aumento do risco de morte durante o período do tratamento. A fragilidade é um conceito relativamente novo que é utilizado como uma ferramenta para descrever o nível funcional de um paciente antes de o individuo sofrer de uma doença aguda. Um resultado de fragilidade superior a cinco numa escala de um a nove chamada Clinical Frialty Scale foi dado como estando mais associado com o aumento da mortalidade em pacientes com Covid-19 do que a idade do paciente. Um resultado de seis significa que o paciente precisa de ajuda com todas as atividades ao ar livre, na manutenção da casa e para tomar banho.
“É uma descoberta interessante, que a fragilidade parece ser uma melhor medida do que a idade na previsão da sobrevivência à Covid-19”, diz Juulia Jylhävä, uma das outras autoras e investigadoras na área da fragilidade do mesmo departamento. “Mas, claro, existem vários outros fatores que têm um efeito, tais como outras condições médicas subjacentes e biomarcadores. Isto é também algo a que queremos prestar mais atenção no futuro”.
No longo termo, o estudo pode conduzir a recomendações clinicas melhoradas que digam respeito ao tratamento de pacientes mais velhos com coronavírus.
“Existe a necessidade de conhecimento baseado em provas que possa criar melhores condições para aqueles que trabalhando no campo dos cuidados de saúde consigam lidar com a pandemia e oferecer os melhores cuidados possíveis”, diz Dorota Religa, consultora no Aging Theme no Hospital Universitário Karolinska, professora associada em geriatria no Departamento de Neurobiologia, Ciências de cuidados e Sociedade no Instituto Karolinska e iniciadora do estudo.
“Podemos ver que com o tratamento certo, muitos dos nossos pacientes mais velhos e seriamente doentes sobrevive. Isso é gratificante, e precisamos de mais investigação”.
O estudo foi financiado pelo Concelho de Investigação Sueco, pela região de Estocolmo, pela Fundação Sjukhem de Estocolmo, pela Fundação Knut e Alice Wallenber, pelo Instituto Karolinska, pela Fundação Maçónica Rei Gustavo V e Rainha Vitória, pela Fundação da Família Osterman e pela Área de Investigação Estratégica em Epidemologia (SfoEpi) do Instituto Karolinska.
NR/HN/João Daniel Ruas Marques
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