Ex-assessores de Trump consideram-no “incapaz, perigoso e sem discernimento” para governar o país

10 de Setembro 2020

Vários ex-assessores de defesa e segurança nacional do Presidente norte-americano, Donald Trump, consideram-no “incapaz”, “perigoso” e sem capacidade de discernimento para governar, segundo entrevistas incluídas no novo livro do jornalista Bob Woodward, intitulado ‘Rage’ (“Raiva”).

Das conversas com o Presidente, de que foram revelados extratos sonoros na quarta-feira, fica a saber-se também que Trump admitiu em privado que o novo coronavírus era uma ameaça severa, apesar de nas suas declarações públicas garantir que este não era pior do que uma gripe sazonal e que o Governo tinha a situação controlada.

Daqueles assessores, Woodward menciona, por exemplo, o ex-secretário da Defesa, James Mattis, que é de opinião que Trump não tem capacidade para exercer o cargo presidencial, é “perigoso” e “não tem bússola moral”.

No livro é também citado o ex-diretor das Informações Nacionais (‘chapéu’ dos vários serviços de informações dos EUA), Dan Coats, que assegura que, para Trump, “uma mentira não é uma mentira, apenas algo que pensa” e o chefe de Estado norte-americano “não sabe diferenciar entre a verdade e uma mentira”.

O livro baseia-se em entrevistas diretas com os protagonistas de estes quase quatro anos de presidência de Trump, bem como com testemunhos diretos e descreve um panorama sombrio dentro do Governo, onde os mais altos responsáveis as informações, da segurança nacional e da defesa não se fiam nas capacidades do presidente.

Mattis, que foi secretário da Defesa nos dois primeiros anos da presidência de Trump, garantiu a Woordward que o Presidente mostra o caminho aos adversários do país sobre “como destruir os Estados Unidos (…) Como isolar-nos dos nossos aliados e como destruir-nos. E está a funcionar muito bem”.

Coats opinou que ainda que não haja provas de que o Presidente russo, Vladimir Putin, tem material secreto para chantagear Trump, apenas se pode entender o comportamento deste em relação à Rússia se existir algo devido aos negócios e movimentos do milionário “no lado escuro”.

O antigo chefe das Informações Nacionais considera que dirigentes estrangeiros como Putin ou o Presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, “manipulam” Trump, “colocam-lhe o tapete vermelho”, tratam-no com ostentação e “fazem o que querem”.

Sobre o novo coronavírus, nas gravações de Woodward, Trump diz que é uma “questão delicada”, um “assunto de morte”.

Em particular, Trump admitiu que minimizou o perigo de forma propositada. “Não quis criar pânico”, justificou.

O candidato democrata às presidenciais, Joe Biden, já reagiu e acusou Trump de “mentir ao povo [norte-]americano”. Trump, criticou, “mentiu, durante meses, de forma consciente e voluntária, sobre a ameaça que [o vírus] representava para o país”.

Parte do livro de Woodward é baseado em 18 entrevistas que Woodward conduziu com Trump entre dezembro de 2019 e julho de 2020.

LUSA/HN

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