“Essa é uma lição que nós aprendemos antes da pandemia, mas que nós desenvolvemos com a pandemia: não há lugar para querelas institucionais durante pandemias, não há lugar para querelas institucionais no decurso de uma gravíssima crise económica e social”, afirmou Marcelo Rebelo de Sousa, no encerramento da 5.ª Cimeira do Turismo, na Fundação Calouste Gulbenkian, em Lisboa.
Marcelo Rebelo de Sousa, que remeteu para novembro uma decisão sobre a sua eventual recandidatura nas presidenciais de 2021, considerou que no atual contexto “não há lugar para o chefe de Estado dizer uma coisa, o chefe do Governo dizer outra, o Governo dizer outra e o parlamento votar outra e as autoridades regionais ou locais fazerem o contrário”.
“Não é o problema de alguém se encostar mais ou menos a quem quer que seja. É questão de olhar para o interesse nacional e perceber que numa situação, não é crítica, é muito crítica, é fundamental a estabilidade”, acrescentou o chefe de Estado, argumentando que nos países onde houve instabilidade durante a atual pandemia de Covid-19 “a gestão foi péssima, está a ser péssima e será péssima”.
Segundo o Presidente da República, neste momento os cidadãos querem ver nas posições dos diferentes responsáveis políticos, “para além da diversidade própria da democracia, uma linha de rumo que significa que se coloca acima de interesses particularistas de ciclos eleitorais, de posições pessoais, o interesse coletivo”.
“Porque a pandemia, pasme-se, não conhece ciclos eleitorais, porque a pandemia não conhece sensibilidades político-doutrinárias ou ideológicas, porque a pandemia não conhece visões particularistas ou de promoção pessoal ou de afirmação pessoal. E, normalmente, as crises económicas e sociais também não”, argumentou Marcelo Rebelo de Sousa, observando, em tom irónico: “Talvez seja uma falha, mas é a realidade sanitária e é a realidade económica e social”.
O chefe de Estado introduziu o tema da estabilidade a propósito da mudança de panorama no setor do turismo, referindo que na cimeira de há um ano “a grande questão era haver turismo a mais em Portugal” e agora o que se pede é “mais turismo”.
No seu entender, “isto mostra a vantagem da estabilidade” e “a importância de não correr atrás de modas, a importância de ter uma visão de fundo da sociedade portuguesa”.
Em seguida, o Presidente da República alegou que a estabilidade é fundamental para o combate à Covid-19 e que “a gestão da pandemia correu pessimamente” nos países em que houve “querelas entre os órgãos do poder” ou “conflitos entre as áreas políticas, económicas e sociais, no plano nacional, regional e local”, com “ziguezagues em matéria de políticas adotadas”.
“Toda a diversidade é fundamental, mas não o aventureirismo, mas não o ziguezague, mas não o sobrepor o secundário ao principal. É um ponto nuclear para que as medidas, todas as medidas, a começar nas melhores e a continuar nas que não tiveram tão bons resultados, possam surgir efeito”, reforçou.
No que respeita a Portugal, Marcelo Rebelo de Sousa sustentou que “esta fase é mais difícil” e irá prolongar-se por “seis meses, sete meses”.
“É difícil porque dinheiro europeu que era suposto chegar em 2020 ainda não chegou, mas há de chegar”, apontou, antevendo também que “será difícil enfrentar o começo de 2021”, porque a execução dos programas e fundos europeus “demorará uns meses de arranque”.
LUSA/HN
0 Comments